História do Café: Pedro II visto por sua época

Por: 05/06/2007 09:06:16 - Folha de São Paulo

Nesta terça-feira, dia 5 de junho, o História ao Vivo apresenta o tema Pedro II Visto por sua época. Fiel à sua visão de diversificar, aprofundar e discutir temas de relevância e interesse não só de estudantes, mas também de estudiosos e curiosos da História, o programa da TV WEB Anglo aborda uma das personagens mais significativas e marcantes da história brasileira.
O imperador D. Pedro II e seu longo reinado têm sido estudados sob as mais variadas perspectivas pelos historiadores e críticos da historiografia nacional.

Senhor do período mais extenso em que um governante teve em mãos os destinos do Brasil, Pedro II viveu, entre 1840 e 1889, umas das fases mais transformadoras da evolução da sociedade brasileira, seja no plano econômico, político ou mesmo cultural. O chamado império do café modernizou as relações de trabalho com a adoção de trabalhadores assalariados nas lavouras diante do declínio da escravidão.

Mas a estrutura de produção continuou atrelada aos interesses do capital internacional. O país conheceu as primeiras ferrovias, o telégrafo e o telefone. Surgiram as primeiras grandes cidades em que floresceram as classes médias, e os barões do café se metamorfosearam na nascente burguesia agrária.

Os imigrantes de várias partes do mundo afluíram à terra do ouro verde e enriqueceram a cultura multifacetada de um povo já de há muito mestiço. O Império do Brasil enfrentou rebeliões internas e venceu guerras externas, armou uma imponente marinha militar e organizou um orgulhoso exército vitorioso. Mas a Monarquia não soube superar o subdesenvolvimento e acompanhar as mudanças sociais e políticas. Acabou sucumbindo diante do movimento republicano e da campanha abolicionista para desaparecer melancolicamente numa tarde de 15 de novembro em 1889.

D. Pedro de Alcântara, o Duque de Bragança da estirpe de D. Pedro I, o Imperador da Independência, posicionou-se como figura de proa em todo esse processo. E foi expulso com sua real família para morrer no exílio em Paris, num distante 5 de dezembro de 1891.

Príncipe órfão de mãe – aos dois anos de idade e declarado maior antes dos quinze anos, foi amante das, ciências e das artes, poliglota e viajante discreto, e fez da fotografia, recente conquista da técnica revolucionária da Belle Époque, um eficiente instrumento de documentação do seu tempo.

Amigo de cientistas como Pasteur, intelectuais como Vitor Hugo e inventores como G. Bell, tornou-se celebridade internacional e respeitado monarca em sua terra. Essa é a personagem central da nossa discussão. Mas não nos moldes acadêmicos ou tradicionais dos compêndios didáticos. Propomos a abordagem do rei – menino que envelheceu com seu cetro a partir de como sua época o retratou.

Para tanto, a imprensa e as obras literárias nos fornecem rico material de análise e ilustração. As caricaturas dos principais Jornais e, em particular, da Revista Ilustrada, do incansável Ângelo Agostini, divertiram até mesmo o sisudo imperador do Palácio de São Cristóvão. As obras de Machado de Assis, Raul Pompéia , Castro Alves, Eça de Queirós e tantos outros retrataram e criticaram os costumes da sociedade conservadora no âmbito da Corte Imperial e dos espaços rurais dessa gigantesca fazenda chamada Brasil, cuja Casa Grande era a pomposa capital no Rio de Janeiro.

Veremos por estes olhos críticos de jornalistas, artistas e literatos do Império o político Pedro II. Ele que brotou do homem educado para ser rei e se fez acompanhar da sóbria imperatriz Teresa Cristina de Bourbon e de discretos amores secretos. Atuou junto a partidos políticos distantes do povo e a se revezar no poder como numa gangorra de ministros nomeados pelo imperador, segundo as regras de um parlamentarismo fictício, também uma caricatura da matriz britânica conduzida por liberais e conservadores de elite.

Pedro II era um monarca “europeu” na cabeça de um império mestiço. Isso se vê com muita clareza na inestimável contribuição deixada por Jean Baptiste Debret e Rugendas, mestres que pintaram as ruas e as gentes do Brasil católico e das lojas maçônicas. Até mesmo o furor do abolicionismo e os horrores da Guerra do Paraguai não escaparam ao lápis dos caricaturistas e à pena dos escritores.

Temos à disposição uma ampla gama de documentos a proporcionar uma Viagem pelos tempos do império de D. Pedro II. Para tudo se, acabar no baile da Ilha Fiscal e no grito de um marechal monarquista que expulsou, constrangido, um velho rei com meio século de governo e um saquinho de terra brasileira na bagagem para a Paris em que viria a morrer com 66 anos de idade.

Convidamos todos os interessados a participar conosco, professores Jucenir Rocha e Marcílio Couto, dessa viagem pelos tempos da monarquia.

Prof. Jucenir Rocha é autor e professor de História do Sistema Anglo.
Prof. Marcllio Couto é professor de Literatura do Sistema Anglo.

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