Erva-mate combate colesterol e triglicerídeos, constata pesquisa

13 de agosto de 2008 | Sem comentários Cafeteria Consumo
Por: 13/08/2008 08:08:07 - Jornal NH

Novo Hamburgo – “Eu tomo chimarrão somente um vez por dia. Começo de manhã e
sigo até a noite’’, brinca o agricultor Artidor Coelho, 55 anos. O ritual começa
cedo, às 6 horas. O morador de Novo Hamburgo, que também tem uma chácara em
Rolante, levanta e segue direto até a cozinha, onde coloca a água para esquentar
e começa a preparar o bom e velho mate. “Não fico um dia sem ele.’’ Mais do que
simples tradição, o hábito de tomar chimarrão pode trazer benefícios para a
saúde. Isto porque a erva-mate, ingrediente usado na bebida preferida de muitos
gaúchos, ajuda a combater triglicerídeos e colesterol, associados a doenças
cardiovasculares. A constatação é resultado de uma pesquisa realizada por
acadêmicos de Biomedicina do Centro Universitário Feevale.


Conforme o estudo, o chimarrão degustado religiosamente por Coelho pode
ajudar a reduzir em 29% o colesterol total e até 62% os triglicerídeos. “Fizemos
um experimento com ratos, que se alimentaram com uma dieta inadequada e depois
começaram a consumir extrato de erva-mate. O resultado foi uma diminuição
bastante considerável desses níveis’’, conta a coordenadora do estudo, a
professora Rejane Giacomelli Tavares.


Ação


O resultado foi atribuído à ação dos flavonóides, compostos químicos
existentes na erva-mate, tão consumida no Estado. “Entretanto, as pessoas
precisam ter uma dieta balanceada e fazer exercícios físicos porque a erva-mate
é apenas um auxiliar’’, alerta. Mesmo sem conhecer a pesquisa, o hábito do
agricultor, como de grande parte dos gaúchos, vem desde pequeno, quando tinha
apenas 8 anos.


“Meu pai e eu levantávamos às 4 horas e íamos tomar chimarrão, ouvindo um
radinho a pilha’’, recorda Coelho, ao lado da esposa, a dona de casa Elíria
Corrêa Coelho, 55, que também gosta da bebida. O agricultor tem uma área de meio
hectare, na cidade de Rolante, onde plantou erva-mate. “Agora já tenho 300 pés,
porque 70 cultivo desde o ano passado’’, relata Coelho, também fabricante de
cuias.


Chimarrão faz sucesso e é considerado indispensável


O chimarrão é também o companheiro de trabalho do vigia Paulo Almeida de
Oliveira, 59 anos. Com a cuia na mão, o morador do bairro Canudos enfrenta a
rotina com muito bom humor. “Tenho tudo aqui para fazer o meu mate: cuia, bomba,
térmica, erva’’, conta Oliveira. A bebida também faz sucesso entre os colegas na
Prefeitura de Novo Hamburgo. “Sempre ofereço porque nunca deixamos de dividir a
cuia e o pessoal toma junto’’, relata o morador do bairro Canudos.


A paixão pelo chimarrão começou aos 18 anos de idade, quando Oliveira via os
pais. A tradição, porém, parece estar parando na família do vigia. “Tenho quatro
filhos adultos e nenhum deles gosta.’’ A erva-mate é um dos ingredientes do café
da manhã. Assim que acorda, Oliveira esquenta a água e arruma a cuia para
saborear a bebida. “Primeiro o chimarrão, depois o café’’, frisa o vigia, que
também toma o mate com a mulher, a dona de casa Onira da Silva de Oliveira, 55,
quando chega em casa. “Este é o meu único vício’’, brinca.


Chá


“Eu não posso ficar sem o meu chimarrão”, diz a calçadista aposentada Irena
Maria do Nascimento Vieira, 84. A moradora da Rua Bartolomeu de Gusmão, no
bairro Canudos, toma a bebida há mais de 50 anos. “Meu colesterol está baixo,
talvez seja por isso, mas eu também coloco chá na erva-mate.” Quando chega
visita, a primeira pergunta de Irena é: “Aceita um chimarrão?”. No bairro
Industrial, mãe e filha têm o hábito de tomar chimarrão todos os dias, às 10
horas. A dona de casa Ivonete Flores, 44, e a aposentada Noeli Maria da Silva,
71, aproveitam o momento para conversar. “É um costume de muitos anos. O nosso
chimarrão é sagrado, sempre no mesmo horário. Às vezes, algumas vizinhas fazem
parte da roda”, conta Ivonete.


O empresário hamburguense Olário Strack, 44, conta que toma chimarrão desde
criança e afirma que já se tornou um vício. “Quando não tomo o chimarrão falta
alguma coisa, o dia não é o mesmo’’, frisa Strack, que começou a tomar mate com
a mãe, aos 10 anos, e hoje não dispensa a bebida.

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