ARTIGO – O café e a saúde


Mauro Scigliani Martini
maurosmartini@hotmail.com


Desde 1671, no preâmbulo do primeiro tratado do café, já havia certa preocupação com relação aos riscos que o consumo excessivo de café poderia causar ao organismo humano, todavia, embora muitas pesquisas venham sendo realizadas ao longo do tempo, este assunto ainda é muito controverso.

O fato é que, para termos certeza dos benefícios ou não de determinado alimento, são necessários diversos estudos e em diferentes locais, neste contexto de maior credibilidade, apresento alguns efeitos do consumo de café.

Esta importante bebida é bem conhecida pelo seu efeito estimulante, tendo como principal responsável por isso a cafeína que está presente na sua composição, tal substância recupera o ânimo, estimula o estado de alerta diminuindo a sonolência, melhora a codificação de novas informações, tem efeito sobre o sono e a função cognitiva, aumenta a pressão sanguínea, a pulsação e combate a fadiga.

Alguns componentes do café estão associados ao aumento nas taxas de colesterol, mas eles são eliminados na filtragem da bebida, portanto, não causam problemas nos cafés usualmente preparados no Brasil. Entretanto, por aumentar a pressão arterial, recomenda-se algum cuidado para pessoas com histórico de hipertensão. Beber café não causa câncer de mama, nem da tireóide, nem do intestino grosso. E estudos relacionando cânceres em outros órgãos estão demonstrando que não há ligação e que os principais componentes da bebida não são cancerígenos. O café é uma das principais fontes em nossa dieta de alguns dos mais potentes antioxidantes, que são substâncias que protegem da oxidação e degeneração os tecidos do corpo, seu consumo não aumenta o risco de náusea, mas algumas pessoas apresentam sensibilidade à bebida, apresentando sintomas como má digestão.

O consumo do café não está associado com aumento no risco de doença diverticular do cólon (diverticulose), uma das mais comuns enfermidades do cólon entre pessoas idosas nas sociedades ocidentais, também está provado cientificamente uma relação inversa entre seu consumo e a cirrose do fígado. Em relação ao mal de Parkinson, foi observada, também, uma forte relação inversa entre o consumo de café, ou mesmo de cafeína de outras fontes, e o risco de adquirir tal doença, embora seu efeito pareça ser mais preventivo que curativo.
O risco de suicídio diminui em pessoas que consomem regularmente seu cafezinho, fato esse explicado pela presença na bebida de substâncias antagonista de opióides, o que confere ao café boas características para ser utilizado na prevenção da depressão, do alcoolismo e no tratamento da dependência de drogas.

O consumo de cafeína não afeta a probabilidade de concepção, mas parece melhorar a atividade sexual em idosos. Em mulheres grávidas, a eliminação da cafeína é mais lenta, estando seu consumo associado a abortos espontâneos, baixo peso ao nascer e problemas neonatais. Entretanto o assunto ainda é controverso e não existe evidência que o consumo moderado cause infertilidade ou aumente o risco de má formação, nascimento prematuro e síndrome de morte súbita infantil.

Em crianças pequenas, principalmente as prematuras, há uma maior dificuldade em eliminar cafeína e teofilina (outro componente do café). Mesmo assim, tais substâncias têm sido utilizadas em medicamentos para o tratamento de apnéia em crianças recém-nascidas. Já em adolescentes, que começam cedo a ingestão de cafeína, principalmente por meio de refrigerantes e alimentos contendo chocolate, podem apresentar sintomas de abstinência em relação à cafeína, mesmo sem ingerir café, alguns estudos sugerem também que a cafeína diminui as respostas agressivas a certos estímulos, podendo vir a ser benéfica para algumas crianças problemáticas ou agressivas.

Por fim, para melhor informar, convém saber que muitos dos efeitos negativos da cafeína e de outros componentes do café acontecem somente em doses muito elevadas do que aquelas usualmente consumidas. Para um melhor entendimento sobre tais efeitos em seu organismo procure um nutricionista e agora, com mais conhecimento, que tal um cafezinho?


Mauro Scigliani Martini é Tecnólogo em Cafeicultura graduado pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais e atua como consultor na área cafeeira.

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