SERÁ QUE A COLÔMBIA NÃO PODE PERDER PARTICIPAÇÃO NO MERCADO MUNDIAL?

Por: 06/04/2009 22:04:20 - Notícias Agrícolas

 
Análise do mercado de café
06/04/2009 22:04:20 – Notícias Agrícolas


O primeiro trimestre de 2009 se encerrou e a novidade foi que os mercados mundiais não mudaram seu comportamento volátil. Ou seja, não teve novidade!
As oscilações foram bruscas nos mercados de ações, commodities e moedas, mesmo com a injeção de trilhões de dólares na economia mundial. Apenas o governo dos Estados Unidos juntamente com o banco central americano (FED) gastaram, emprestaram ou garantiram até agora nada menos do que 12.8 trilhões de dólares americanos ou quase o valor de tudo o que se produz no país – 14.2 trilhões de dólares.


Alguns indicadores econômicos começam a mostrar uma leve melhora, ou melhor, não estão piorando e economistas-otimistas crêem que a recessão pode achar um chão na segunda metade deste ano, com as economias de países importantes como os EUA recuperando a partir de 2010.
Os pessimistas torcem o nariz e alertam para uma demora na recuperação, acreditando que esta recessão tenha um formato em “L” que significa uma queda do crescimento e uma manutenção por um bom tempo em níveis de estagnação, diferente do que uma maioria que acredita em um formato “U” e uma minoria que ainda crê na forma do “V”, cai rápido e recupera rápido.
Uma sopa de letrinhas que faz uma diferença para todos nós, porém a reação dos mercados nesta semana serviu para animar alguns investidores que estavam apenas observando o andamento da crise com seu dinheiro guardado em contacorrentes ou embaixo do colchão.


A reunião dos 20 países mais ricos do mundo acabou tendo um resultado satisfatório, pelo menos aparentemente. Os dois países que entraram na reunião dando um tom de que iriam colocar sal no café de todos, acabaram se satisfazendo com o comprometimento dos outros membros em endereçar problemas de regulamentação dos mercados e de paraísos fiscais e no final da reunião todos anunciaram um “novo” pacote de estímulo de mais de 1 trilhão de dólares. Novo não é, pois grande parte deste volume de dinheiro já tinha sido anunciado por vários países, mas de qualquer forma os mercados sorriram para a possibilidade de uma união dos países em lutar contra a maior recessão desde 1929.


O retorno de alguns investidores para os mercados provocou uma desvalorização do dólar americano e uma valorização das bolsas, ajudando inclusive as commodities.


O café encerrou a semana com ganhos de 2.60 cts/libra na bolsa de NY, 1.95 dólares por saca em SP e 9 dólares por tonelada em Londres.
Para os produtores brasileiros a subida acabou sendo menor do que a desvalorização do dólar (ou fortalecimento do Real) que foi de 3.55%, fazendo com que o preço da saca no mercado interno se mantivesse praticamente no mesmo patamar do que a semana anterior.
Mesmo assim, com a proximidade da safra brasileira que alguns dizem que deve adiantar entre 20 e 30 dias, o fluxo de negócios foi muito bom. Prova disso foi que a BMF não conseguiu seguir a mesma dimensão da valorização da ICE, provocando um alargamento da arbitragem de NY/SP.
Seguindo a mesma linha, continuamos tendo a manutenção dos diferenciais brasileiros em descontos ao redor de 23 cts abaixo de NY enquanto os cafés colombianos negociaram a 60 acima, aumentando ainda mais a diferença entre estas duas (macro) qualidades.


Como reflexo dos preços altos para o produto da Colômbia um grande torrador americano aumentou o preço de sua marca que tem 100% deste café em 19% para o consumidor, e isto vai ser um grande teste para que saibamos se o consumidor vai se manter fiel ao produto em meio a recessão ou se vai buscar um substituto.


Tenho a impressão que da mesma forma que a falta do café brasileiro em épocas de retenção e geada criou uma oportunidade para que outros países produtores ganhassem uma fatia do mercado mundial que pertencia ao Brasil, o mesmo pode acontecer com o café colombiano, ou seja a perda de uma fatia da Colômbia para outros.
O plano de renovação da lavoura estimulado pela Federação de café da Colômbia para que aumente a produtividade dos cafezais pode acabar causando um efeito negativo para o café do país, justamente em um momento no qual o mundo passa por uma terrível retração econômica.
Melhor para os países produtores de cafés de qualidade, e isso inclui o Brasil também.
Quem sabe este momento não sirva para que precifiquemos nossos cafés em patamares mais altos, dado que temos cafés de muito boa qualidade e em muitos casos até superiores que muitos lavados.


Na verdade temos que ter um fortalecimento dos diferenciais dos cafés brasileiros para acreditarmos em uma alta acentuada para o terminal (bolsa de NY). Veja por exemplo que mesmo com Colômbia negociando a 60 acima, Costa Rica e Guatemala a 30 acima, e Honduras a 8 acima, a bolsa não conseguiu até agora sair dos mesmos níveis de preço que estavam sendo negociados em outubr o do ano passado, quando os diferenciais de preços destes cafés estavam infinitamente mais baixos.
Na minha opinião um dos principais motivos que não permitiram uma alta acentuada nas bolsas foi que durante este mesmo período o café brasileiro continuou extremamente barato, seja em função da desvalorização do real, da falta de crédito ou mesmo porque a safra brasileira foi maior do que se esperava.


O alarde no mercado de que não há quase mais café colombiano disponível até o começo da safra do país não foi suficiente para causar um rally forte no mercado.
Por outro lado é verdade que os diferenciais caros para os suaves (como também são conhecidos os lavados) tem provocado uma queda gradual e constante dos estoques certificados da bolsa, que pela primeira vez desde maio de 2007 estão abaixo dos 4 milhões de sacas, porém isto não serve para que fiquemos extremamente altistas, pois bem ou mal ainda há 3.97 milhões de sacas de estoque.


Vamos torcer para que o mercado nesta próxima semana consiga romper os níveis de 120 cts/lb, porém atentem que uma falha em romper este patamar deve ser aproveitada para que os produtores fixem seus cafés (vendam), principalmente aqueles que precisam se capitalizar para o começo da colheita.
Fiquem de olho no comportamento do dólar/real também, que por sinal continua muito volátil.
Caso o Real encontre dificuldade de trabalhar abaixo de 2.20, o mesmo pode sofrer uma tomada de lucros forçando uma desvalorização, que deverá provocar uma queda das cotações do café nas bolsas.
A disciplina é o melhor remédio, portanto aproveite a oportunidade para se proteger de uma queda não esquecendo de levar em consideração o hedge do dólar.


Tenham todos uma ótima semana e muitos bons negócios.


 


Fonte: Archer Consulting


 

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