CNC: dívida da cafeicultura é de cerca de R$ 4,2 bi

Por: Café e Mercado

CNC: dívida da cafeicultura é de cerca de R$ 4,2 bi
(08/04/2009 09:32)


Os produtores de café vão apresentar amanhã (8) ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, a situação precária pela qual passa a cafeicultura, já que há dez anos não se tem lucro com a atividade, conforme relato do presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Gilson Ximenes, que concedeu hoje entrevista ao AE Broadcast Ao Vivo.


Ximenes informou que os preços de todos os produtos aplicados na cafeicultura avançaram assustadoramente no período e o café subiu apenas 22% nos últimos 10 anos. “Vamos mostrar (ao ministro Mantega) a real situação e a gravidade do problema”, afirma. Os cafeicultores vão reivindicar a conversão da dívida do setor em produto, a qual foi estimada por Ximenes em cerca de R$ 4,2 bilhões. Desse total, R$ 3 bilhões seriam débitos com o Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), além de R$ 1,2 bilhão referente aos recursos obrigatórios que os bancos têm de aplicar no crédito rural.


O presidente do CNC garante que a conversão da dívida em produto vai favorecer governo e produtor. Segundo ele, o estoque público de café está zerado e, na eventualidade de uma catástrofe climática, “ficamos sem condições de fornecer o produto aos nossos compradores e perdemos mercado interna e externamente”. Ximenes observa que, com o parcelamento da dívida em produto na proporção de 5% ao ano, haverá condições para o produtor liquidar o débito.


Ximenes acrescenta que as lideranças da cafeicultura, vão reivindicar, ainda, uma política de renda para o setor, pois “não adianta só prorrogar as dívidas”. De acordo com ele, sem renda, o produtor foi rolando a dívida, já que o governo achou melhor criar um programa de prorrogação dos débitos em vez de promover uma política de renda. “O produtor foi enganado, pois entrou nessa conversa, que virou uma bola de neve”, criticou. Segundo ele, um programa de leilões de opções de venda de café ao governo seria importante para dar suporte aos preços internos.


Questionado se a cafeicultura perde força com a saída do secretário executivo, Silas Brasileiro, do Ministério da Agricultura, que assumirá cadeira de deputado federal, Ximenes diz que, infelizmente, a força no governo está com a Fazenda não com a Agricultura. Mesmo assim, de acordo com ele, o setor vai insistir em suas reivindicações.


O representante das cooperativas de café defendeu a qualidade do produto brasileiro, que no mercado internacional tem deságio em relação aos grãos dos concorrentes, como Colômbia, México e países da América Central. “Melhoramos a qualidade, aumentamos a produtividade, mas os concorrentes têm outras vantagens”, diz. Para Ximenes, o ganho dos concorrentes está no fato de haver monopólio, com apenas um vendedor na exportação. “No Brasil o mercado é livre, com 100 ou 200 exportadores, o que prejudica a comercialização”.


Ximenes mostrou-se em dúvida com relação aos benefícios do mercado livre. “Não sei, há renovação, tivemos a crise mundial e vimos o que foi o mercado livre. Não sei se não é chegado o momento de uma agência reguladora. Devemos lutar por isso”, afirma. Segundo ele, a agência seria comandada pelos produtores, com o apoio do governo, que tem exemplos positivos, como a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).


As informações partem da Agência Estado (Tomas Okuda e Luciana Xavier), segundo noticiou o CNC – Conselho Nacional do Café.

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