Governo e cafeicultores começam a se entender – Correio dos Lagos

Por: Correio dos Lagos

10-Abr-2009 

O governador Aécio Neves levou ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, na quarta-feira (8/04), em Brasília, as reivindicações dos produtores de café de todo o país para o enfrentamento da crise pelo setor. Ao final do encontro, Aécio Neves anunciou que o ministro se comprometeu a encontrar mecanismos para o governo federal negociar em sacas de café o pagamento das dívidas dos cafeicultores junto às instituições financeiras públicas



Segundo ele, o ministro também estudará medidas para que o governo federal crie leilão para compra de 3,5 milhões de sacas, ao preço mínimo em torno de R$ 320. “O ministro disse que, no que diz respeito à parte pública dessa dívida – mais ou menos um terço dela – já há a garantia de que isso ocorrerá – e o governo está tomando as medidas finais. Não é mais alongamento, adiamento do pagamento das dívidas, é a transformação, a conversão do valor das dívidas em produto para que os produtores possam pagar, nos próximos vinte anos, 5% das dívidas ao ano com produto, com as sacas de café. O Governo estabelece o preço e paga-se com saca de café. É uma solução inteligente porque evita a inadimplência porque dinheiro eles não têm”, afirmou o governador em relação à divida dos cafeicultores com instituições financeiras públicas.


 


Já em relação a dois terços da dívida dos cafeicultores, junto ao setor financeiro privado, o governador Aécio Neves apresentou ao ministro proposta para que, num primeiro momento, pelo menos 50% dela dívida seja absorvida pelo governo, para que possa haver para os produtores a possibilidade do pagamento em produto. De acordo com o governador, o ministro viu com interesse essa proposta, mas não deu uma resposta definitiva.“Ele disse que conversaria ainda hoje com o ministro (da Agricultura) Reinhold (Stephanes), mas nos deu uma expectativa muito favorável de que possa encontrar encaminhamento nessa direção. Portanto, também, pelo menos uma parte da dívida com o setor privado possa ser convertida em produto”, disse Aécio Neves, em entrevista.



Leilão  – Segundo o governador, ele também lembrou ao ministro da Fazenda da ausência de um estoque regulador, por parte do Governo Federal, em relação à produção cafeeira. Durante o encontro, Mantega garantiu a Aécio Neves que buscará mecanismos para criar um leilão público para a compra de 3,5 milhões de sacas, ao próximo mínimo em torno de R$ 320.  “Com isso, o governo garante um estoque regulador e, obviamente, impacta no mercado, puxando para cima o preço do produto. Essas foram as duas questões centrais. Vou repetir as palavras do ministro: ‘vejo as duas reivindicações como possíveis de serem atendidas, nem que seja parcialmente’. Então, saímos extremamente otimistas da reunião. Ele hoje ainda conversaria com o ministro Reinhold Stephanes”, afirmou Aécio Neves.


 


O presidente da Frente Parlamentar do Café, deputado federal Carlos Melles (DEM-MG), ressaltou a importância da força de ação política do governador mineiro Aécio Neves, que dá uma forma diferente aos pleitos da cafeicultura brasileira. “Tenho a convicção de que o ministro Mantega, ouvindo o apelo de um líder como o governador Aécio Neves – endossando todo o movimento das lideranças, produtores e trabalhadores, sensibilizou-se às reivindicações da cafeicultura”, avaliou.


 
“O café brasileiro está muito baixo perante aos outros cafés do mundo. Hoje está sendo vendido a R$ 150,00 a saca abaixo do café colombiano, isto é um absurdo, é o retrato da falta de uma política brasileira para o setor, que dê sustentação de preço”, destacou Melles. Na visão do deputado, com a desvalorização cambial o dólar saiu de R$ 1,80 para R$ 2,20, o café deveria estar perto de R$ 400,00 a sacas, no entanto continua entre  R$ 250,00 e R$ 260,00


 


O governador criticou o fato de o Brasil ser responsável por 35% da produção mundial de café e não ter qualquer interferência no preço internacional. “É o único país que tem uma produção expressiva e não tem nenhuma interferência no preço porque não tem uma política que estabeleça preço, cotas, limites de produção, enfim, essa é a questão central”, disse Aécio Neves, ressaltando que a proposta de o Governo fazer um leilão de opção de compra de três milhões de sacas de café, contribuiria para regular o mercado, puxando-o um pouco para cima.



Força do café em Minas  – O governador também lembrou da importância das medidas para Minas Gerais, já que o Estado responde por cerca de 50% da produção nacional de café. Em 2008, a produção do Estado foi de 23 milhões de sacas, aumento de 42% em relação ao ano anterior.  No ano passado, de US$ 5,8 bilhões vendidos pelo setor do agronegócio, US$ 3 bilhões foram proporcionados pelas vendas de café. 


 


“Minas é o segundo maior país produtor de café do mundo. O primeiro é o Brasil, depois Minas, aí vem a Colômbia, depois vem o Vietnã. Nós hoje produzimos 50% da safra nacional com uma distribuição muito grande pelo Estado, cerca de 400 municípios mineiros têm no café sua principal atividade econômica. Essa é a razão da minha presença e a ação política sempre é importante”.


 


Os representantes da Frente Parlamentar do Café aqui estiveram, os dirigentes das principais cooperativas brasileiras de café. Os setores público e privado trabalhando na mesma direção. “Saio extremamente otimista. O ministro Guido Mantega se mostrou extremamente sensível às duas propostas centrais aqui apresentadas”, disse Aécio Neves.


 


As propostas apresentadas pelo governador ao ministro da Fazenda fazem parte da Carta de Varginha, documento produzido em março deste ano, onde cerca de 25 mil cafeicultores do país lançaram o movimento SOS Cafeicultura. O movimento foi organizado pelo CNC, Faemg, Organização das Cooperativas de Minas Gerais (Ocemg) e Sistema Crediminas.


 


Ao final do encontro o deputado Carlos Melles mostrou-se otimista com o entendimento que começa e acontecer entre os cafeicultores e o governo.“Entenderam as dificuldades da cafeicultura brasileira, entenderam que a ausência de política interna está fazendo com que o preço do café brasileiro seja muito desvalorizado no exterior, estamos vendendo demais a um preço muito barato e isto empobrece o produtor, tira o emprego do interior do Brasil e quando o país mais precisa de receita o que estamos vendo é os municípios pagando um preço muito alto”, comentou Carlos Melles.


 


Após a reunião no Ministério da Fazenda os parlamentares da Frente do Café seguiram para o Ministério da Agricultura, onde foram recebidos pelo ministro Reinhold Stephanes. Estiveram presentes à reunião com o ministro, 19 deputados e senadores da Frente Parlamentar do Café, o secretário de Estado de Agricultura, Gilman Viana, os presidentes da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg), Roberto Simões, do Conselho Nacional do Café (CNC), Gilson Ximenes, da Comissão Nacional do Café da CNA, Breno Mesquita, da Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Três Pontas (Cocatrel), Franciso Miranda, da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), Carlos Alberto Paulino Costa, da Cooperativa Central de Cafeicultores e Agropecuaristas de Minas Gerais (Coocamig), José Edgard Pinto Paiva e da Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Varginha (Credivar), José Pedro Garcia Reis; e o representante do Conselho de Administração da Cooparaíso, José Fichina.


 

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