A expansão dos embarques

15 de abril de 2009 | Sem comentários Comércio Exportação
Por: 14/04/2009 20:04:30 - Brazil Modal

 
14/04/2009 20:04:30 – Brazil Modal


Na contramão da crise, são animadores os primeiros resultados no comércio internacional de commodities obtidos nos Portos de Paranaguá e Antonina, no Paraná. No primeiro trimestre de 2009, já foi exportado 1,1 milhão de toneladas de soja, volume semelhante ao embarcado no ano passado. As exportações de milho e açúcar seguem tendência de crescimento, com aumento de 51% e 13%, respectivamente, em comparação ao mesmo período de 2008.


Números positivos também chegam do Terminal Portocel, localizado no Espírito Santo e especializado no embarque de celulose, que registrou um aumento de 4,4% no volume movimentado no primeiro trimestre de 2009 em relação ao quarto trimestre de 2008. Essas boas notícias se complementam com as perspectivas de expansão e modernização de outros grandes portos brasileiros, como Tubarão, Santos e Rio.


O tema “portos brasileiros” também estará presente na 15ª edição da Intermodal South America, que acontece de 14 a 16 de abril, em São Paulo, e reunirá as principais empresas do setor de logística, comércio exterior e transporte mundial.


Para o superintendente da Appa, Daniel Lúcio Oliveira de Souza, a performance dos portos paranaenses é uma “contrapartida à grave conjuntura econômica que o mundo atravessa”, principalmente no setor de alimentos.


No ano passado, o Porto de Paranaguá exportou mais de 14 milhões de toneladas de granéis sólidos (soja, farelo, milho e açúcar). Deste total, passaram pelo Corredor Público de Exportação 9 milhões de toneladas de produtos. “Este ano deverá ser mais promissor, porque já foram embarcadas 500 mil toneladas, em janeiro, 550 mil toneladas, em fevereiro e, até o último dia 24 de março, 852 mil toneladas. Se continuarmos nessa progressão, ultrapassaremos o volume do ano passado e poderemos chegar a 12 milhões de toneladas, consolidando o porto como o principal do Brasil para embarque de grãos”, afirma ele.


Outra operação de destaque é o embarque de carne congelada. Segundo Souza, desde junho do ano passado Paranaguá superou o Porto de Itajaí como o maior corredor de exportação desses produtos e, com os estragos causados pelas chuvas no porto catarinense, grande parte das operações foi absorvida pelos terminais portuários paranaenses. “Desde então, temos alcançado um nível muito alto de fidelização de exportadores, em função da infraestrutura oferecida em Paranaguá”, diz ele.


Para o segundo trimestre, Souza acredita que a queda da movimentação de contêineres de carga geral deverá se manter, principalmente em decorrência da redução das importações e da queda das exportações de veículos. Por outro lado, ele aposta na retomada das importações de fertilizantes, que caíram drasticamente nos últimos meses.


Paranaguá é o principal corredor de importação desses insumos, respondendo por mais de 50% do volume total adquirido pelo Brasil. Com uma estrutura disponível para armazenar mais de um milhão de toneladas de grãos, o Porto de Paranaguá preparou-se antecipadamente para receber a safra agrícola de 2009. Entre os meses de novembro de 2008 e fevereiro de 2009, técnicos do terminal realizaram manutenção preventiva e corretiva nos equipamentos utilizados na recepção e no embarque dos grãos. Para atender ao escoamento dos grãos, a Appa vai contar com cerca de 160 funcionários, que atuarão nesta operação.


O superintendente da Appa destacou que, neste ano, o silo público passará a contar com um novo sistema de controle de armazenamento que substitui um antigo procedimento que existia há 12 anos. “O novo sistema disponibiliza informações on-line sobre a armazenagem dos grãos de determinado exportador que tem seu saldo individualizado no silo. Os dados somam-se ao sistema de controle de fluxo, que nos dá condições para fazer um giro diário de 1.000 a 1.400 caminhões, sem formação de filas ao longo da rodovia em direção ao porto”, explica.


Ele ressalta ainda que nenhum dos projetos de investimento em expansão de Paranaguá e Antonina foi adiado ou cancelado. Além da retomada da construção de um novo silo público, de um terminal de armazenagem de açúcar e de uma câmara frigorífica, a Appa deve agilizar o processo de remodelação do cais para o aumento do calado, otimizando a capacidade dos navios que atracam no porto.


Celulose


Em Barra do Riacho, no Espírito Santo, o Terminal Portocel, administrado pela Aracruz e pela Cenibra e especializado no embarque de celulose, houve um aumento de 4,4% no volume movimentado no primeiro trimestre de 2009 em relação ao quarto trimestre de 2008. Segundo o superintendente do terminal, Gilberto Marques, esse percentual está em linha com a previsão de crescimento para o ano. Em 2008, foram movimentados 5,2 milhões de toneladas de celulose e, para 2009, a previsão é chegar a 5,6 milhões de toneladas.


De acordo com Marques, o resultado positivo do primeiro trimestre se deu em função do aumento da demanda asiática, impulsionado pela queda acentuada dos preços da celulose. No entanto, o mesmo não deve acontecer no próximo período, já que o mercado internacional deverá estar abastecido, e provavelmente reduzirá o número de pedidos.


Ainda assim, os estoques do terminal ainda se manterão em níveis administráveis, segundo o superintendente da Portocel, mesmo porque a sazonalidade é uma característica das operações de celulose. “As indústrias produzem entre 35 mil e 45 mil toneladas de celulose por dia e o terminal embarca esta mesma quantidade a cada dois dias, conforme a programação de atracamento dos navios”, explica. “Mesmo que esse prazo passe para três dias, a armazenagem está dentro da capacidade do terminal.”


Por outro lado, assim como as indústrias de celulose, a Portocel também postergou os investimentos em expansão do terminal. “A construção de um novo armazém e de mais um berço no porto sofreu um adiamento que vai de um a dois anos”, conta. “A retomada desses projetos vai depender da situação econômica internacional”, conclui Marques.


Minério de ferro


Considerado o maior porto de exportação de minério de ferro do mundo, Tubarão, no Espírito Santo, ainda não possui dados sobre a movimentação do primeiro trimestre, segundo a mineradora Vale, controladora do porto.


Em 2008, a Vale investiu US$ 2,6 bilhões no estado capixaba, dos quais R$ 406 milhões foram para os portos, que, além de Tubarão, incluem Praia Mole e Ponta do Ubu. Outros R$ 34 milhões foram aplicados em rebocadores. No ano passado, a empresa movimentou 98 milhões de toneladas de minério de ferro em Tubarão.


No início do ano, a Vale fechou contrato com três estaleiros nacionais para a construção de 15 novos rebocadores e dois comboios fluviais -32 barcaças e dois empurradores, no total-, com um investimento de R$ 398,6 milhões. Os rebocadores serão adicionados à frota atual da empresa, que hoje conta com 14 outras embarcações, e irão operar no Terminal Marítimo de Ponta da Madeira, no Maranhão, e no Complexo de Tubarão, com a finalidade de atender principalmente ao transporte de minério de ferro. De acordo com a empresa, o primeiro rebocador deverá ser entregue ainda este ano, e os demais ficarão prontos até 2011. Por sua vez, as 32 barcaças e os dois empurradores irão atender à Mina de Urucum, em Corumbá (MS), transportando minério na rota Brasil-Paraguai e Brasil-Argentina.


Com as encomendas, a Vale pretende atender ao crescimento da demanda pelos serviços de logística nos próximos anos, sendo que parte deste movimento será oriundo da entrada em operação do Píer 4, em Ponta da Madeira (MA), em 2011.


Santos


Os efeitos da turbulência econômica estão sendo sentidos em menor grau no Porto de Santos, o maior do País, de acordo com Carlos Kopittke, diretor comercial e de Desenvolvimento da Administração do porto. “A pauta de Santos é bem diversificada, importamos e exportamos diversos produtos, o que nos confere uma vantagem em relação aos demais portos.”


Segundo Kopittke, as exportações, em toneladas, cresceram 23% em janeiro e 10% em fevereiro, se comparadas com os mesmos meses do ano passado. “Em contrapartida, notamos que as importações caíram cerca de 30%”, ressaltou. Para ele, o porto deve recuperar o movimento a partir do segundo semestre deste ano. “Não bateremos recorde de nada, mas podemos aumentar ainda mais as exportações de açúcar, soja e café”, disse ele. O diretor aposta em que as importações de veículos também devem diminuir por conta da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que estimulou o mercado interno.


José Correia Serra, presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que administra o Porto de Santos, declarou que os sete quilômetros do cais público deverão estar aptos a receber navios com 15 metros de calado até o fim do próximo ano, aumentando a capacidade de movimentação do porto. “Nós precisamos correr para disponibilizarmos os projetos de recuperação dos cais públicos, porque o setor privado está fazendo a sua parte”, afirmou. “Os investimentos estão orçados em R$ 300 milhões e estamos com os recursos praticamente assegurados pelo PAC.”


Investimentos


O ministro-chefe da Secretaria Especial de Portos (SEP), Pedro Brito, afirmou que pretende lançar no mercado, ainda neste primeiro semestre, os editais de licitação de dragagem de vários portos brasileiros, e reiterou que o ano de 2009 vai separar a história portuária brasileira. “Porque com essa dragagem, nós vamos mudar a história dos portos no Brasil.”


Segundo o ministro, a dragagem “é a providência mais importante que o governo do presidente Lula está tomando para os portos brasileiros”.


O trabalho vai atingir os 19 principais portos brasileiros e representa investimentos de R$ 1,5 bilhão, com previsão de término até 2010. De acordo com Brito, os investimentos são federais e não há contrapartida privada.


O ministro disse ainda que o novo modelo adotado é o de dragagem por resultados, ou seja, nos portos onde ocorram problemas de assoreamento, a dragagem não é feita apenas para aprofundar. Ela se estende por um prazo que pode ser de até seis anos, como é o caso do Porto de Santos, e o ganhador da licitação se responsabiliza por manter a profundidade que for ampliada.


Já foi feita a primeira fase da dragagem do Porto de Itaguaí e a do Porto de Recife, que ainda não foi concluído. Nos próximos dias serão contratadas as obras dos Portos do Rio Grande e de Santos.


Fonte: DCI
 

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