18/04/2009
Luís Gonzaga Medeiros de Figueredo Júnior
Engº. Agrônomo, Doutor em Irrigação e Drenagem
O Brasil é um país agrícola. Por mais que boa parte dos governantes brasileiros não pense assim, nossa vocação e potencialidades estão voltadas ao setor primário de produção. As figuras mais influentes do cenário político comumente dispensam mais atenção à indústria, apostando neste setor como saída para o desenvolvimento do país.
Todavia, a base de sustentação da economia brasileira é a agricultura, que gera as maiores riquezas do país, sendo responsável por cerca de 1/3 do PIB. Em 2008 o setor agropecuário registrou a maior taxa de crescimento do PIB (5,8%), em comparação aos resultados do setor de serviços (4,8%) e da indústria (4,3%).
Além disso, a agricultura é a atividade que necessita do menor investimento para geração de emprego permanente (US$ 37.000), em contraposição a segmentos como o metalúrgico (145.000) e petroquímico (220.000), conforme levantamento do Ministério da Integração.
O agronegócio desempenha um grande papel social, produzindo efeitos multiplicadores em toda sociedade com geração dos mais diversos produtos.
A diversificação climática, água em abundância e a vasta área agricultável fazem do Brasil um grande celeiro agrícola, com vocação natural para a agropecuária e todos os negócios relacionados à suas cadeias produtivas.
Dessa maneira, a produção de alimentos e a indústria ligada ao setor primário posicionam o Brasil como o terceiro maior exportador agrícola mundial, atrás da União Européia e dos EUA.
Essa posição de destaque no cenário internacional pode ainda ser melhorada, em função da disponibilidade de terras para ampliação da produção de alimentos e biocombustíveis sem comprometer o meio ambiente.
Diversas tecnologias vêm sendo geradas em busca de um padrão ecologicamente responsável, com o uso de práticas de agricultura sustentável, como o plantio direto e o sistema de integração lavoura-pecuária, resultando em menor impacto ambiental, o que reduz a necessidade de abertura de novas áreas.
Um dos principais produtos da nossa economia, a soja, alcançou uma produção de 60 milhões de toneladas na safra 2007/2008 e cresceu ao ritmo médio de 2,7 milhões de toneladas/ano entre 1990 e 2008. O setor sucroalcooleiro brasileiro é referência para os demais países produtores. A produção de cana-de-açúcar ocupa cerca de 6 milhões de hectares, sendo o Brasil o maior produtor e exportador mundial de açúcar e álcool.
As exportações tendem a crescer, pois o álcool etílico é cada vez mais procurado em todo o mundo como opção de combustível limpo. O país é também grande produtor e exportador de café, suco de laranja, algodão, frutas, carnes de frango, bovina e suína, entre outros.
Neste período crítico por que passa a economia internacional, o governo federal vem dando pouca atenção ao setor primário, formulando políticas e medidas de combate à crise muito tímidas em relação ao fortalecimento do agronegócio, registrando-se enormes prejuízos em diversos segmentos produtivos.
A atual tensão na oferta e demanda internacional por alimentos nos coloca diante de uma grande chance de transformar essa crise em oportunidade para o fortalecimento da agricultura.
O Brasil é um dos poucos países do mundo que produz o suficiente para abastecer a demanda interna, em crescimento e, ao mesmo tempo, é o país que mais cresce no mundo em geração de excedentes. Produz energia limpa, por meio do etanol e dos biocombustíveis à base de oleaginosas, sem comprometer a produção de alimentos.
Enfim, o Brasil ocupa uma posição privilegiada na atual conjuntura, devendo priorizar ações e criar condições que promovam o desenvolvimento da nossa verdadeira vocação.