cafeicultores mineiros usam defensivos naturais e homeopatia

Divino/MG – Cafeicultores dos municípios de Divino, Vieiras, Espera Feliz, Caiana, Eugenópolis e Miradouro, na Zona da Mata mineira, que receberam o selo de certificação do Programa Certifica Minas em abril, estão produzindo sem o uso de agrotóxicos. Das 68 propriedades cafeeiras certificadas, pelo Programa do Certifica Minas, 53 cafeicultores produzem café Sat, sem a utilização de produtos químicos.


Este é o caso da agricultora familiar, Maria Lina Magro, da comunidade Córrego Bonfim, no município de Espera Feliz. Além de não usar o agrotóxico nos pés de cafés, os herbicidas também foram descartados. “Há cinco anos cultivamos assim. No começo foi uma medida para preservar a nossa saúde, depois percebemos que assim também estávamos protegendo nossas águas e terras”, revela .


A agricultora disse que valeu a pena mudar o jeito de produzir, pois facilitou o processo de certificação. “Sempre trabalhamos para conquistar a certificação do nosso café. Com o Certifica Minas café aprimoramos o cuidado com a nossa matéria-prima. Agora é dar continuidade ao nosso trabalho” afirma.


Para controlar as pragas, Lina tem recorrido aos princípios da homeopatia, prática que vem crescendo entre os cafeicultores da região. A agricultora explica que as doenças são combatidas com os próprios organismos vivos. “A homeopatia cura pela semelhança, após a desintoxicação das lavouras verificamos o ponto energético da propriedade”, explica.


Equilíbrio ambiental

Também no município de Vieiras, o agricultor Paulo Luís Laviola usa a técnica homeopática para conseguir o equilíbrio ecológico em seu cafezal. As doenças nas lavouras são combatidas com receita que leva arroz cozido, açúcar mascavo e água, segundo ele. “Trabalho com a homeopatia há oito anos. Uso no solo, no café e nas plantas. É através dos fungos vivos que conservo minha lavoura” relata. O cafeicultor explica que o procedimento é chamado de radiestesia radiônica. Para verificar a medição e achar o ponto de equilíbrio da lavoura é usado um pêndulo.


Laviola, que também teve sua propriedade certificada, diz que, em primeiro lugar está o respeito pelo meio ambiente. “Sempre tive o apoio da Emater. Quando entrei no programa, aumentei o cuidado com os recursos naturais. Deixei a enxada de lado. Para diminuir a erosão estou usando a roçadeira”. Ele assegura que aprendeu muito com o programa de certificação, inclusive ser cauteloso nos gastos. “Com as anotações você sabe quanto custa à produção”, ressalta.


Em Caiana, as práticas agrícolas sem defensivos químicos também são seguidas por agricultores, como Sirley Soares da Silva. Com a produção média de 107 sacas de café por safra, o cafeicultor garante que substituiu o adubo químico pela palha de café. “Após a secagem e o beneficiamento do grão, aproveito a palha para colocar nos pés de café. Com esta prática estou diminuindo os gastos e conservando o solo”, diz se referindo a uma técnica, que protege a terra dos efeitos do sol e mantém a umidade dela, entre outros benefícios.


De acordo com o extensionista de Muriaé, Robério Torres, o processo de certificação facilita as atividades de uma propriedade que já trabalha sem agrotóxicos, e segue as normas de higiene e manejo. “Quando temos um produtor consciente em relação aos aspectos ambientais, sociais e econômicos, o processo de certificação fica mais fácil”, diz.


O extensionista da Emater-MG, José Luiz Paixão, especializado em homeopatia pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), diz que na homeopatia não se procura curar doenças ou combater pragas, mas sim atingir o maior grau de equilíbrio do meio ambiente.


Para o engenheiro agrônomo e professor da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Vicente Wagner Dias Casali, a eficácia da homeopatia na agricultura já é uma realidade. “Os benefícios que a homeopatia traz para a agricultura já foi confirmado por meio de pesquisas. A universidade (UFV), por exemplo, ensina a técnica em mais de 30 cidades no país”, diz. Casali garante que a técnica homeopática é a melhor solução para acabar com o uso de agrotóxico, e que, a sua utilização deve crescer. “Com a proibição do uso de alguns agrotóxicos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), os agricultores irão optar pela homeopatia. Assim, além de conservar a própria saúde e a dos consumidores, a terra também será beneficiada”, afirma.


Certifica Minas café
O Programa Certifica Minas café, coordenado pela Secretaria de Estado Agricultura e Abastecimento (Seapa), é executado pela Emater-MG. A empresa orienta os produtores e faz o acompanhamento das propriedades, desde o diagnóstico inicial até a aplicação das normas do programa. O Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) é responsável pela pré-auditoria nas propriedades e a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) cede as fazendas experimentais para unidades demonstrativas de certificação do café.


Durante o processo de certificação, as propriedades precisam respeitar leis ambientais e trabalhistas, utilizar corretamente e de forma controlada os agrotóxicos e identificar o café produzido com placas, numerando os lotes da propriedade, entre outras adequações. De acordo com o coordenador técnico estadual, Julian Silva Carvalho, o processo de certificação por meio do Certifica Minas fica em torno de uma saca de café/ano (R$ 250), dependendo do tamanho da propriedade e da área cultivada em café. Por outros meios, o custo médio é de R$ 8 mil. Nas propriedades certificadas atendidas pela regional da Emater-MG em Muriaé a certificação ficou em média R$ 90 por propriedade.



 

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