Colheita de café no Sul de Minas

Por: Centro de Inteligência do Café

Começou a colheita do café no sul de Minas Gerais. Por causa da bienalidade da cultura, a expectativa é de uma safra menor.


O sol nem aparece e o trabalhador rural Vicente Cunha já está no ônibus para ir ao trabalho. Com 68 anos, ele ainda está cheio de disposição. “Enquanto Deus dá vida e saúde a gente tem que trabalhar. Ficar parado é pior”, disse.


O ônibus faz parte de uma linha rural criada em Alfenas como alternativa para o transporte de trabalhadores em caminhões, tratores e outros veículos proibidos para esse fim em Minas Gerais. Da cidade à lavoura são mais de 20 quilômetros.


Na chegada está a certeza de muito trabalho. É o início da colheita do café. O período é tão importante para o sul de Minas. Em apenas quatro meses serão gerados 260 mil empregos diretos na lavoura. Essa é uma oportunidade para muitas famílias ganharem o dinheiro que sustentará a casa pelo resto do ano.


Sirlene e José Márcio são casados. Este ano, vão trabalhar juntos na lavoura. Há muita gente na lavoura, mas menos café no pé. De acordo com a Conab, Companhia Nacional de Abastecimento, o Brasil deve produzir este ano 39 milhões de sacas de café contra quase 46 milhões na safra passada, com uma queda de 15% na produção.


A redução já era esperada por ser um ano de safra baixa. Mas outros fatores também contribuíram. “Outro fator que podemos considerar é a redução nos tratos culturais devido ao alto custo de produção da lavoura e o baixo preço do produto. Com o produtor descapitalizado, a tendência é de o produtor utilizar menos insumos, principalmente menos adubo, o que vai influenciar diretamente na produção”, explicou Wilson Lasmar, gerente regional da Emater.


Um reflexo da situação pode ser visto no sítio do agricultor Pedro Fagundes, onde devem ser colhidas 430 sacas. A produção poderia ser maior, mas os tratos na lavoura tiveram que ser reduzidos. O seu Pedro é otimista e espera uma melhora no preço do café. “O próprio mercado deverá reagir pelas circunstâncias que vai passando. Senão não tem como”, disse.


O Ministério da Agricultura confirmou que o governo vai promover leilões de contratos de opção de venda de café para enxugar o mercado ainda este mês.


Nesse tipo de operação o governo se compromete a pagar um preço determinado pelo produto.


“O preço previsto e até agora acordado com o Ministério da Fazenda estará em torno de R$ 303,00 a saca a ser entregue em novembro. À medida que for entregue em janeiro, fevereiro e março ainda teremos o carregamento do estoque por este período. Não será menos do que R$ 303,00. Nós estamos trabalhando com a hipótese de aumentar esse valor para pelo menos mais R$ 3,00 ou R$ 4,00”, esclareceu Reinhold Stephanes, ministro da Agricultura.


Ainda de acordo com o ministro, a portaria que regulamenta o leilão deve ser publicada na próxima semana.

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