POLÍTICA CAFEEIRA – Uma grande Falha ou uma Falta

Por: Da redação / NewsCafeicultura


Movimento SOS CafeiculturaEm um comentário muito consciente o cafeicultor e sindicalista Armando Matielli, faz uma analise profunda da atual situação da Política Cafeeira no e do Brasil.


Em sua análise Matielli observa a preocupação e dedicação quase que exclusiva, do Deputado Silas Brasileiro ao endividamento e suas  re-renegociações. Também analisa a má vontade por parte do governo, em estabelecer um preço mínimo para a saca de café; que fosse um valor próximo ao real do valor mínimo do custo que o produtor tem para a produção do mesmo.


Matielli expõem uma verdadeira ferida, que é a diferença do valor de venda do café arábica colombiano, em relação ao café arábica brasileiro. Atualmente para atender a demanda mundial os colombianos estão exportando seu café por volta de R$ 600,00 e para atender ao consumo interno da Colômbia, os colombianos estão importando café do Brasil por volta de R$ 250,00.


As analises de Matielli nos faz indagar se não há uma grande falha, ou uma falta de política cafeeira para defender os produtores brasileiros, e até a cultura que mais emprega mão de obra no Brasil.


 


Veja abaixo o comentário de Armando Matielli na íntegra:


Armando Matielli Espírito Santo do Pinhal – SP

Caro Manoel Bertone,


Segundo o sr. João Abrão, pres. do sindicato de Altinópolis, SP, o senhor anda muito irritado com os nossos comentários e reivindicações constantes de quem representa boa parte dos cafeicultores brasileiros. Reivindicações estas que são feitas para a viabilização dos pontos que ficaram sob sua responsabilidade no grupo de trabalho, emanados da Carta de Varginha, oriunda do SOS Café, onde e ficou estabelecido que:

a) negociação do endividamento da cafeicultura, transformando a divida em sacas de cafe, para pagamento em 20 anos;
b) preço minimo condizente, e
c) opções publicas com preços minimamente remuneradores.
Infelizmente muito pouco ocorreu, ou melhor, praticamente nada alterou a situação dramática vivida pelos cafeicultores, mas garantiu ao comércio a perspectiva de continuar comprando/explorando a preços baratos nossa mais-valia, enquanto nossos concorrentes vendem pelo dobro do preço o produtor do nosso trabalho.
Por exemplo, a Colombia está comprando 600.000 sacas, principalemnte do Brasil, para abastecer o mercado interno e cumprir suas cotas de exportações pelo dobro do preço que nos pagam, sendo nossos cafés arabicas de igual ou de superior qualidade aos colombianos. Os nossos concorrentes estão vendendo pelo dobro preço o nosso café, sejam eles a Colombia, os Centrais e a Índia. Além disso temos:


— importação dos paises compradores em média 8.0 milhões de sacas/mes, sendo por volta de 2,5 milhões de robusta e 5,5 milhões de arábicas.
— dos 5,5 milhões de arábica estamos exportando praticamente a metade, pela metade do preço…


Ou seja ,está faltando arábica e estamos entregando literalmente o nosso café a R$ 250,00 a saca, aproximadamente, de prejuízo. Isso é inacreditável. Exportando 2.500.000 milhões de sacas/mes, estamos acumulando um prejuízo na nossa balança comercial de R$ 625.000.000,/mes e no total do ano teremos um acumulado de R$7.500.000.000, ´
Por que isso? qual a estratégia de marketing do ministério da agricultura? um país pobre como o nosso deixar escapar essa possibilidade, enquanto nós, cafeicultores, estamos implorando para negociar as nossas dividas transformando-as em sacas de café… e nada disso anda. Onde está o patriotismo? chega de morosidade, enrolação, desrespeito conosco e com a Pátria.

Sei que o senhor Silas Brasileiro que há poucos dias manifestou-se publicamente contra o movimento S.O.S. Cafeicultura, que tem como foco o individamento e as renegociaçoes das dividas dos cafeicultores…, isso demonstra claramente o desinteresse do Ministério da Agricultura, e também o da secretaria da produção (seu setor) em resolver o nosso problema… e agora o senhor está adiando as decisões. Por que isso?

Atualmente os nossos cafeicultores estão colhendo e entregarão a qualquer preço o café colhido para pagar as despesas com a mão de obra. É justo isso? Enquanto isso, nada é decidido, e como disse diversas vezes o dep. Carlos Melles;´´estamos entregando mais uma safra quase que de graça`wp_posts`.

Isso é falta de gestão pública. Portanto, tenho direito como sindicalista de contestar e lutar para sairmos desse anacronismo e essa indolência do setor público. Estamos, graças a Deus, num país democratico e temos sindicatos, (alguns são muitos capachos do sistema), mas o nosso sindicato está estruturado num conceito limpo e sem `wp_posts`rabo preso`wp_posts` para lutar em prol dos nossos cafeicultores. E a cada dia que passa, com essas indolencias do ministério da agricultura/sec. da produção (seu setor), mais acirradas tornam-se nossas ações.


Hoje estamos recebendo apoio oriundos de diversos locais e setores como cooperativas, outros sindicatos e outros segmentos, dado ao nosso jogo aberto e verdadeiro em prol da cafeicultura. Por isso, peço-lhe o favor de diferenciar o Armando Matielli, pessoa fisica, do sindicalista Armando Matielli.


atenciosamente,


A. Matielli.


 


Comentários


 


Joe Crescenzi
Cafeicultor
 
Não sou muito de comentar estes artigos mas como cafeicultor quero ter sustentabilidade no preço de venda do meu produto. Não vejo constantes rolagens de dívidas ou preço mínimo como Solução. Temos que ter políticas de apóio sim, mas sempre com olho na realidade de que estes tem ocasionados superoferta indesejável.  Se garantir lucro pela mão do governo a superoferta é certo. Se fomentar plantios além da demanda, é sô olhar para traz e o futuro fica claro. Somente com Oferta bem próximo á demanda que teremos lucro real na atividade. Estocagém é fundamental, para não vender a safra de uma vez, opções PUT com STRIKE = CUSTO PRODUÇÃO – 10%,  para o governo manter um estoque regulamentador somente se vier com preço de venda MINIMO bem acima do preço médio do mercado para a desova deste estoque. Preço mínimo para venda de café do governo = preço médio do mercado últimos 5 anos + 25% ou semelhante.
O governo deve sim fazer pressão para que o café de igual qualidade aos lavados dos paises da América Central tenham acesso ao CSCE em paridade. Isso é uma descriminação criminosa, e cabe ao Itamaraty resolver.
Reembolso dos impostos pagos irá reduzir custo de produção e viabilizar muita coisa



João Lopes Araújo
Presidente da Assocafé (Associação dos Produtores de Café da Bahia)


A esperança começa a voltar ao setor, após um período de custos elevados e preços baixos, os produtores de café voltam a olhar para o setor com mais esperança. Com o suporte do governo, estoques baixos e safra reduzida, a saca de café voltou a beirar R$ 300, valor antes previsto apenas para novembro.


Alta do café no mercado interno começa a compensar a queda do dólar, mesmo que a moeda dos EUA fique em R$ 1,90, Acredito que há espaço para uma leve retomada de projetos no setor.
 




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