Opinião – Balança comercial e taxa cambial

Por: O Estado de S. Paulo

03/06/09 – Em que medida a valorização do real ante o dólar contribuiu para afetar negativamente a balança comercial no mês de maio? A resposta não é simples, mesmo quando se verifica que, na média por dia útil, o saldo da balança comercial registrou, em maio, queda de 28,6% em relação ao mês anterior.


O resultado de maio (sempre na média por dia útil) ficou acima da média dos três primeiros meses do ano, perdendo apenas para o de abril. No entanto houve queda de 2,7% das exportações, relativamente a abril, e crescimento de 8,4% das importações, o que aparentemente explicaria a valorização do real. Porém será preciso examinar melhor as causas dessa evolução, reconhecendo que o efeito da valorização só poderá ser confirmado daqui a dois meses.


A queda das exportações de produtos básicos foi responsável por 66,5% da redução das exportações de maio, em relação às do mês anterior, e a forte redução das exportações de minérios de ferro, em volume e em preços, foi a grande responsável pela quebra de receitas vinculadas a produtos básicos. Sem esses produtos, as exportações (valor global) acusariam queda de 1,7% apenas, resultado ainda melhor do que nos produtos manufaturados, com redução de 1,5%. Talvez o ponto mais positivo para as exportações foi o crescimento para a União Europeia, de 6,8% em maio, em relação a abril; de 7,2% para a América Latina; e de 9,9% para o Oriente Médio.


Sabe-se que geralmente as importações respondem mais rapidamente à mudança da taxa cambial. De fato, em valor total, aumentaram 8,4% em maio, enquanto desde fevereiro cresciam menos do que as exportações. Parece difícil que tivessem reagido tão depressa à valorização do real, o que apenas seria possível para matérias-primas e alguns bens de consumo duráveis, dos quais existem estoques nos países industrializados.


O que se verifica é um crescimento elevado de 44% das importações de petróleo, reflexo da elevação do preço do produto, que foi em parte compensada por exportações do nosso próprio petróleo bruto, que aumentaram 30,5%.


Temos de esperar alguns meses para avaliar plenamente os efeitos da valorização da moeda nacional sobre o comércio externo. Não podemos esquecer, no entanto, que na última onda de valorizações do real o aumento das importações contribuiu para reduzir o ritmo dessa valorização…



 

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