AGÊNCIA ESTADO – Para Credivar, inadimplência de cafeicultores não espelha realidade

Por: 02/07/2009 - 20:34 - Agência Estado

São Paulo, 2 – O diretor Financeiro, Renato Rezende Paiva, da Cooperativa de Crédito Rural de Varginha (Credivar), diz que o índice de inadimplência de 10% entre os cafeicultores “não espelha a real situação do setor”. Segundo ele, o produtor de café faz malabarismo para não deixar de pagar ao banco, como vender patrimônio, fazer venda futura da produção e, principalmente, contratar linha de crédito a juros mais altos, sem as condições especiais para agricultura.


“Ele entra numa ciranda financeira e deixa de cuidar daquilo que sabe, que é tocar a lavoura”.


O porcentual de inadimplência da cafeicultura foi levantado junto às instituições financeiras, que apresentaram ontem dados específicos sobre o endividamento do setor ao grupo técnico do café, do qual Rezende Paiva faz parte. Ele informou que, por falta de renda, o cafeicultor não consegue liquidar os créditos tomados junto aos bancos. “Ele aguarda recursos oficiais do Funcafé para liquidar o empréstimo a juros livres, em operação mata-mata, num ciclo vicioso”.


Rezende Paiva acrescentou que, ao contrário do que o governo tenta transmitir, o problema do endividamento da cafeicultura não é localizado no sul de Minas. “A dificuldade é geral, com raras exceções, como os grandes empresários da Bahia e algumas áreas irrigadas do cerrado mineiro”, disse. Os produtores de robusta do Espírito Santo também estariam fora de maiores dificuldades porque têm custo de produção menor e produtividade maior, em relação ao arábica. Segundo ele, “o sul de Minas chama atenção porque já carrega um longo histórico de renegociação de passivos, além de concentrar 25% da produção nacional de café”.


O diretor Financeiro informou, ainda, que o grupo de trabalho tenta identificar operações financeiras problemáticas, para buscar solução que “dê um fôlego para o produtor”. De acordo com ele, o produtor carrega dívida do Funcafé de custeio e colheita, estimada entre R$ 800 milhões e R$ 1 bilhão. Os cafeicultores têm também cerca de R$ 1 bilhão em dívidas em Recursos Obrigatórios dos bancos, além de perto de R$ 200 milhões em Cédula de produto Rural (CPR).

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