Alimentos, Clima e Biodiversidade

Por: 31/07/2009 17:07:21 - Repórter Eco

Clima e Biodiversidade  

Washington Novaes, jornalista, é supervisor geral do Repórter Eco.
wlrnovaes@uol.com.br


Que acontecerá na agricultura brasileira por causa de mudanças climáticas ? O aumento previsto na temperatura vai afetar a soja, o milho, o feijão e outros produtos, como está afetando o café, obrigado a migrar para regiões mais altas como as montanhas de Minas Gerais, em busca de temperaturas mais baixas ?

Ao longo deste mês, no quadro sobre a biodiversidade aqui no Repórter Eco, foram documentados vários estudos a respeito dessa relação entre o clima e a biodiversidade. E eles nos advertem: se não adotarmos com urgência programas de mitigação capazes de reduzir as emissões de poluentes e de adaptação para enfrentarmos os novos tempos -, poderemos enfrentar situações muito adversas.

No campo específico da biodiversidade vegetal e animal, poderão acontecer prejuízos incalculáveis na Amazônia, no Pantanal, no Cerrado, na Mata Atlântica, nos Campos do Sul, com os aumentos de temperatura previstos para este século. A pesca será muito afetada, com a mudança de condições nos habitats das espécies.

Então, é fundamental não perder tempo. Criar em todos os lugares sistemas de previsão do tempo capazes de alertar com antecedência para a ocorrência de fenômenos mais graves. Capacitar a defesa civil em cada lugar para atender às emergências. Desenvolver estudos que levem à produção de espécies mais resistentes ao calor, na agricultura.

Já perdemos muito tempo. A convenção do clima já tem 15 anos e na prática não se avançou quase nada. Agora, com as evidências da gravidade da situação, é preciso tomar consciência. E ter pressa. Para que em cada atividade humana se possa minimizar os prejuízos.



No ar: 29/4/2007


 


Alimentos da Biodiversidade Brasileira.

31/07/2009 17:07:19 – Repórter Eco


Washington Novaes, jornalista, é supervisor geral do Repórter Eco.


As matérias exibidas pelo Repórter Eco neste mês, sobre a importância e a riqueza da biodiversidade na alimentação humana, chamam a atenção para a urgência de o Brasil definir uma estratégia nacional que confira a essa área a importância vital que ela tem.
Hoje, apenas 150 plantas comestíveis dominam a alimentação no mundo, embora se conheçammilhares delas. Menos de 20 plantas respondem pela maior parte do comércio internacional de alimentos. E entre elas só quatro – trigo, milho, arroz e batatas – são mais consumidas que as outras 26 mais comercializadas.

No Brasil, a agroindústria – onde as plantas alimentícias têm uma participação decisiva – respondem por quase 40 por cento do Produto Interno Bruto. café, soja, açúcar e laranja dominam uns 30 por cento da exportação. Mas as plantas alimentícias podem ter ainda um papel muito mais importante na nossa vida e na nossa economia – porque o Brasil tem a maior diversidade mundial de plantas superiores, entre 10 e 20 por cento do total. E a maior parte dela ainda não foi sequer descrita.

Além disso, alimentos como a mandioca – o mais adaptado aos solos brasileiros, sem exigir gastos com insumos químicos – ainda dependem quase só de tecnologias aprendidas com os índios. E as possibilidades são muitas. O trabalho de cientistas da Amazônia jálevou a pupunha a ocupar no mercado o lugar que coubera a outras variedades de palmito em extinção. O guaraná amazônico tem mercado garantido, assim como o açaí e outras plantas.

Os alimentos proporcionados pela biodiversidade precisam – junto com as biomassas na área da energia, os novos medicamentos derivados de plantas, os novos materiais que elas podem oferecer – ser uma parte decisiva de uma estratégia nacional. Que inclua ainda um forte investimento em ciência. Para conhecer essa biodiversidade e permitir sua utilização. E essa estratégia precisa estar no centro e no início de todas as nossas discussões. Porque essa é a grande possibilidade brasileira. Com a maior biodiversidade do planeta, 12 por cento das águas superficiais, sol o ano todo e um território continental, o Brasil pode ocupar um lugar muito importante. E proporcionar uma vida digna a toda a sua população.


 
A invasão de espécies exóticas.
31/07/2009 17:07:16 – Repórter Eco


Washington Novaes, jornalista, é supervisor geral do Repórter Eco.


É muito urgente que o Brasil defina com clareza uma estratégia nacional e instrumentos para conter a invasão de espécies exóticas.

Temos a biodiversidade mais rica do mundo, em torno de 15 por cento do total de espécies. Já são 56 mil espécies de plantas descritas, 765 de anfíbios, 650 de répteis, cerca de 1700 de aves, 530 de mamíferos e uma riquíssima diversidade marinha. É dessa biodiversidade que virão novos medicamentos, novos materiais, novos alimentos. A biodiversidade é nossa grande possibilidade de futuro.

Mas a cada dia surgem novas espécies exóticas, de outras regiões, que se espalham pelo território brasileiro e ameaçam a sobrevivência de espécies nativas.

É certo que já convivemos muitas espécies trazidas de outros países e que hoje têmimportância econômica – como o café, a soja, o arroz, o cacau, o trigo, a laranja, bovinos, eqüinos e caprinos.

Mas há outras espécies – como capins, mexilhões, caracóis e javalis, entre outras – que ameaçam a sobrevivência de espécies nativas e já representam problemas graves, inclusive de ordem econômica,como mostrou neste programa a série de reportagens do quadro Biodiversidade Brasil. Há uma reunião marcada para as próximas semanas, em que se pretende definir um programa nacional de combate às espécies exóticas invasoras. Mas ele precisa ser posto em prática com urgência. Já estamos atrasados.

Sempre vale a pena repetir a frase da diretora do Jardim Botânico de Brasília, Anajulia Heringer Salles: “Em matéria de biodiversidade, o Primeiro Mundo é aqui, no Brasil”.
Mas precisamos correr e ser competentes para não perder esse privilégio.


 


No ar: 25/9/2005
e-mail: wlrnovaes@uol.com.br


Washington Novaes, jornalista, é supervisor geral do Repórter Eco. Foi consultor do primeiro relatório nacional sobre biodiversidade. Participou das discussões para a Agenda 21 brasileira. Dirigiu vários documentários, entre eles a série famosa “Xingu” e, mais recentemente, “Primeiro Mundo é Aqui”, que destaca a importância dos corredores ecológicos no Brasil.

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