Mercado de Café – SINAIS DIFUSOS, CUIDADO NO CURTO-PRAZO

Por: Archer Consulting / Notícias Agricolas

Mercado de Café – Comentário Semanal – de 27 a 31 de julho de 2009 SINAIS DIFUSOS PARA O CAFÉ – CUIDADO NO CURTO-PRAZO

*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting


Mais uma semana em que o equilibrista conseguiu se manter em cima da corda (bamba?). As bolsas de ações encerraram o mês de julho com uma perfomance bastante positiva.


A taxa LIBOR de empréstimos interbancários para 3 meses negociou pela primeira vez abaixo de 0.50%.


A venda de casas novas nos Estados Unidos em junho teve o melhor ganho em 8 anos e o número de pessoas recebendo auxílio-desemprego caiu pela segunda semana consecutiva, embora isto esteja acontecendo não porquê os trabalhadores estão arrumando novos empregos e sim porquê não tem direito de continuar recebendo mais a ajuda.


Na China especula-se que o governo pode começar a limitar um pouco o mercado de crédito já que a população tem tomado dinheiro para colocar uma boa parcela na bolsa o que faz com que o nível de preço que a bolsa negocie em comparação com os resultados das empresas esteja em m ais de 35.3 vezes – duas vezes mais do que as bolsas dos outros mercados emergentes (nova bolha?)


O CFTC, órgão regulador americano dos mercados futuros, começou na terça-feira seus estudos para avaliar se deve ou não impor novos limites às posições dos fundos nos mercados de energia e/ou das commodities que têm oferta limitada como petróleo ou gás natural por exemplo. O receio dos participantes dos mercados futuros agrícolas é que regras mais duras possam ser aplicadas em todos os outros mercados. Para imaginarmos a dimensão que isso poderia impactar é só verificarmos o tamanho da posição que os fundos de índice por exemplo mantém em comparação com o número de contratos em aberto. No caso do café isso representa quase 25%. Parece que se limites menores forem aprovados os fundos devem ter próximo de 18 meses para adequar suas posições ao novos limites. Resta saber se o limite por participante não fará com que os administradores de dinheiro criem mais participantes, o u seja muito provavelmente devem aparecer novos fundos para diluir as posições entre um número maiores de entidades afinal o mercado é rápido em achar novas soluções para driblar regras que venham a prejudicá-lo.


As commodities se comportaram em linha com o macro e também subiram, com destaque para a soja, o milho e os metais industriais, enquanto as demais tiveram uma perfomance errática.


O café encerrou a semana com ganhos de US$ 4.43 / saca em Nova Iorque, US$ 2.55 em São Paulo, e US$ 1.80 em Londres. Tão importante quanto a subida foi também o desvencilhamento que na quarta-feira o mercado teve de outras commodities como o petróleo que por exemplo no dia caía mais de 5% enquanto o café ficava de lado – assim como o açúcar.


A firmeza da moeda brasileira que negociou no nível mais forte desde 26 de setembro do ano passado ajudou a não trazer pressão vendedora na ICE, porém a BM&F decepcionou por não ter acompanhado o mercado aqui fora, subindo menos. E m uma semana a arbitragem entre os dois mercados alargou 2.02 cts/lb, sinalizando que o mercado pode estar perto de começar a ter mais vendas de Brasil. Do lado negativo também tivemos a confirmação de que um dealer andou comprando café brasileiro com diferenciais baratos, 24 e 22 centavos de desconto, justamente quando a reposição continua apertada, próximo de 16 centavos abaixo. Na verdade o sinal que o país deveria estar dando para o mercado internacional frente a tantas conversas de problemas com qualidade e planos de apoio à produção era justamente o contrário. Nos parece que os exportadores e dealers deveriam estar firmes em não vender diferenciais tão “baratos”, e quando o fazem o que “dizem” para o mercado externo é que não há problema algum de abastecimento e de qualidade no país.


O mercado interno no Brasil fluiu um pouco melhor durante a semana, porém os produtores estão aproveitando para vender seus cafés chuvados ou de qualidade piores, segurando os melho res cafés para honrar seus compromissos, como CPRs, e para vender a preços melhores. Para os agentes comprarem café de melhor de qualidade é necessário pagar preços incompatíveis com o que os importadores querem pagar.


Em poucas palavras o mercado está confuso. A fraqueza da BM&F, dos diferenciais FOB negociados na semana e da reunião do CFTC são os fatores negativos, e o dólar, chuvas e comportamento dos produtores são os fatores positivos.


A bolsa de Nova Iorque precisa continuar subindo para justificar os preços desejados pelos produtores, e pelos exportadores que apostam em um alargamento do basis (diferenciais).


Nas outras origens do arábica não há nada de novo. Escassez de oferta, produção quase toda negociada e por causa disso o volume de novos negócios é quase inexistente. Contribue o fato de os compradores estarem ainda de férias, muitos voltando a partir de amanhã (segunda-feira). Vamos ver se com o retorno ao batente a demanda começa a melhora r.


No Vietnã a oferta também é limitada com os produtores bem capitalizados e relutantes em vender o saldo da safra corrente aos preços atualmente praticados. Os intermediários se preocupam pois precisam cobrir suas vendas e tem tido bastante dificuldade. Fala-se inclusive que o número de wash-outs (recompra de vendas) tem aumentado. A indústria que hoje usa bastante café desta qualidade pode encontrar dificuldades neste segundo semestre, ou até que comece a fluir a safra nova do maior produtor de robusta. Parece que era nisso que os poucos participantes de Londres que carregam mais de 6.2 milhões de sacas dos certificados estavam apostando. O spread do Novembro / Janeiro estreitou bem nesta semana inclusive (novo squeeze?).


Técnicamente o café em NY fechou bem na sexta-feira e aponta para mais altas, tendo como próximos objetivos os níveis de 130.00 e 131.15, base setembro.


Se a maré de otimismo continuar podemos ver o mercado se firmar ainda mais, poré m é bom não ficar muito ganancioso e ir aproveitando o rally para desovar parte das fixações. O sinal de alerta da BM&F e da movimentação um pouco melhor do físico podem estar nos apontando para uma perda de força no curto-prazo – o que não muda o prognóstico mais positivo no médio-prazo. Não significa que veremos o mercado negociar novamente a 113 cts, mas que podemos ver uma realização que leve o mercado para próximo de 120.00.


A partir da semana que vem vamos começar a usar como referência o contrato de dezembro de 2009 (Z9) pois o contrato de setembro entra em notificação no dia 21 de agosto. A atividade de rolagens vai provocar o inchaço no volume negociado diário até lá.


Considerem comprar proteção de preço para uma eventual baixa caso tenham a necessidade de fixar suas vendas contra o setembro – ou no curto-prazo. A compra de uma put e venda de uma call no curto é uma boa alternativa.


Tenham todos uma ótima semana e muitos bons negócios.
Rodri go Costa*
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting

Mais Notícias

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Mercado de Café – SINAIS DIFUSOS, CUIDADO NO CURTO-PRAZO

Por: Archer Consulting

Rodrigo Costa*


Mercado de Café – Comentário Semanal – de 27 a 31 de julho de 2009 SINAIS DIFUSOS PARA O CAFÉ – CUIDADO NO CURTO-PRAZO *Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting


Mais uma semana em que o equilibrista conseguiu se manter em cima da corda (bamba?). As bolsas de ações encerraram o mês de julho com uma perfomance bastante positiva.


A taxa LIBOR de empréstimos interbancários para 3 meses negociou pela primeira vez abaixo de 0.50%.


A venda de casas novas nos Estados Unidos em junho teve o melhor ganho em 8 anos e o número de pessoas recebendo auxílio-desemprego caiu pela segunda semana consecutiva, embora isto esteja acontecendo não porquê os trabalhadores estão arrumando novos empregos e sim porquê não tem direito de continuar recebendo mais a ajuda.


Na China especula-se que o governo pode começar a limitar um pouco o mercado de crédito já que a população tem tomado dinheiro para colocar uma boa parcela na bolsa o que faz com que o nível de preço que a bolsa negocie em comparação com os resultados das empresas esteja em m ais de 35.3 vezes – duas vezes mais do que as bolsas dos outros mercados emergentes (nova bolha?)


O CFTC, órgão regulador americano dos mercados futuros, começou na terça-feira seus estudos para avaliar se deve ou não impor novos limites às posições dos fundos nos mercados de energia e/ou das commodities que têm oferta limitada como petróleo ou gás natural por exemplo. O receio dos participantes dos mercados futuros agrícolas é que regras mais duras possam ser aplicadas em todos os outros mercados. Para imaginarmos a dimensão que isso poderia impactar é só verificarmos o tamanho da posição que os fundos de índice por exemplo mantém em comparação com o número de contratos em aberto. No caso do café isso representa quase 25%. Parece que se limites menores forem aprovados os fundos devem ter próximo de 18 meses para adequar suas posições ao novos limites. Resta saber se o limite por participante não fará com que os administradores de dinheiro criem mais participantes, o u seja muito provavelmente devem aparecer novos fundos para diluir as posições entre um número maiores de entidades afinal o mercado é rápido em achar novas soluções para driblar regras que venham a prejudicá-lo.


As commodities se comportaram em linha com o macro e também subiram, com destaque para a soja, o milho e os metais industriais, enquanto as demais tiveram uma perfomance errática.


O café encerrou a semana com ganhos de US$ 4.43 / saca em Nova Iorque, US$ 2.55 em São Paulo, e US$ 1.80 em Londres. Tão importante quanto a subida foi também o desvencilhamento que na quarta-feira o mercado teve de outras commodities como o petróleo que por exemplo no dia caía mais de 5% enquanto o café ficava de lado – assim como o açúcar.


A firmeza da moeda brasileira que negociou no nível mais forte desde 26 de setembro do ano passado ajudou a não trazer pressão vendedora na ICE, porém a BM&F decepcionou por não ter acompanhado o mercado aqui fora, subindo menos. E m uma semana a arbitragem entre os dois mercados alargou 2.02 cts/lb, sinalizando que o mercado pode estar perto de começar a ter mais vendas de Brasil. Do lado negativo também tivemos a confirmação de que um dealer andou comprando café brasileiro com diferenciais baratos, 24 e 22 centavos de desconto, justamente quando a reposição continua apertada, próximo de 16 centavos abaixo. Na verdade o sinal que o país deveria estar dando para o mercado internacional frente a tantas conversas de problemas com qualidade e planos de apoio à produção era justamente o contrário. Nos parece que os exportadores e dealers deveriam estar firmes em não vender diferenciais tão “baratos”, e quando o fazem o que “dizem” para o mercado externo é que não há problema algum de abastecimento e de qualidade no país.


O mercado interno no Brasil fluiu um pouco melhor durante a semana, porém os produtores estão aproveitando para vender seus cafés chuvados ou de qualidade piores, segurando os melho res cafés para honrar seus compromissos, como CPRs, e para vender a preços melhores. Para os agentes comprarem café de melhor de qualidade é necessário pagar preços incompatíveis com o que os importadores querem pagar.


Em poucas palavras o mercado está confuso. A fraqueza da BM&F, dos diferenciais FOB negociados na semana e da reunião do CFTC são os fatores negativos, e o dólar, chuvas e comportamento dos produtores são os fatores positivos.


A bolsa de Nova Iorque precisa continuar subindo para justificar os preços desejados pelos produtores, e pelos exportadores que apostam em um alargamento do basis (diferenciais).


Nas outras origens do arábica não há nada de novo. Escassez de oferta, produção quase toda negociada e por causa disso o volume de novos negócios é quase inexistente. Contribue o fato de os compradores estarem ainda de férias, muitos voltando a partir de amanhã (segunda-feira). Vamos ver se com o retorno ao batente a demanda começa a melhora r.


No Vietnã a oferta também é limitada com os produtores bem capitalizados e relutantes em vender o saldo da safra corrente aos preços atualmente praticados. Os intermediários se preocupam pois precisam cobrir suas vendas e tem tido bastante dificuldade. Fala-se inclusive que o número de wash-outs (recompra de vendas) tem aumentado. A indústria que hoje usa bastante café desta qualidade pode encontrar dificuldades neste segundo semestre, ou até que comece a fluir a safra nova do maior produtor de robusta. Parece que era nisso que os poucos participantes de Londres que carregam mais de 6.2 milhões de sacas dos certificados estavam apostando. O spread do Novembro / Janeiro estreitou bem nesta semana inclusive (novo squeeze?).


Técnicamente o café em NY fechou bem na sexta-feira e aponta para mais altas, tendo como próximos objetivos os níveis de 130.00 e 131.15, base setembro.


Se a maré de otimismo continuar podemos ver o mercado se firmar ainda mais, poré m é bom não ficar muito ganancioso e ir aproveitando o rally para desovar parte das fixações. O sinal de alerta da BM&F e da movimentação um pouco melhor do físico podem estar nos apontando para uma perda de força no curto-prazo – o que não muda o prognóstico mais positivo no médio-prazo. Não significa que veremos o mercado negociar novamente a 113 cts, mas que podemos ver uma realização que leve o mercado para próximo de 120.00.


A partir da semana que vem vamos começar a usar como referência o contrato de dezembro de 2009 (Z9) pois o contrato de setembro entra em notificação no dia 21 de agosto. A atividade de rolagens vai provocar o inchaço no volume negociado diário até lá.


Considerem comprar proteção de preço para uma eventual baixa caso tenham a necessidade de fixar suas vendas contra o setembro – ou no curto-prazo. A compra de uma put e venda de uma call no curto é uma boa alternativa.


Tenham todos uma ótima semana e muitos bons negócios.

*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting

Mais Notícias

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.