OPINIÃO – Sob o domínio da incapacidade

25 de agosto de 2009 | Sem comentários Mais Café Opinião

A ausência de lideranças comprometidas com os ideais de desenvolvimento equitativo, bem como pela superação das adversidades, provoca o caos absoluto numa empresa ou atividade.
Isto é o que ocorre com a cafeicultura. A anarquia está instalada. Alguns poucos se manifestam, e ao mesmo tempo cada um com suas sugestões, em sua maioria, com proposições descabidas, inconsistentes e impróprias.

A falta de visão estratégica associada à ausência de estudos técnicos provoca as falsas soluções contidas na apresentação de propostas. É como se a atividade produtiva cafeeira estivesse sob um constante estado letárgico; totalmente inativa sob os princípios de eficiência comercial e empresarial.

Fala-se atualmente na aquisição pelo governo de 5,0-10,0 milhões de sacas de café em 2009-2010, enquanto os estoques mundiais estão em 33,7 milhões (em sua maioria nas mãos dos países consumidores) e a oferta/demanda está equilibrada.

Ilógica e irracional a avaliação de que a retirada deste volume de 10,0 milhões de sacas pudesse contribuir para recuperação dos preços. Não irá e isto é fato. Se pagarem para ver, terão de suportar as conseqüências negativas, que serão grandes e de elevado custo.
Para esta afirmativa, irei considerar informações, conforme estudo divulgado em março/2009, elaborado e assinado por mim, como responsável:



  1. A inexistência de estudos técnicos, por parte do governo, entidades, empresas e/ou profissionais, que comprove estarem os estoques em patamar a menor que os referenciados acima ou, caso existam, afirmo serem falhos;

  2. Estando a oferta/demanda equilibrada, quais as justificativas técnicas de que a retirada de apenas 10,0 milhões de sacas do mercado brasileiro refletirá positivamente na recuperação dos preços?

  3. O mercado internacional apenas se recuperará sob a extinção quase total dos estoques mundiais, ou seja, próximo a 30,0 milhões de sacas. Sob este aspecto evidente que existem soluções técnicas a serem sugeridas e tomadas e de forma a não provocar maiores desequilíbrios;

  4. Se o governo retirar apenas 10,0 milhões de sacas, o mercado provavelmente irá testar sua capacidade e poderá ao contrário fazer os preços despencarem, mostrando sua capacidade de percepção e conhecimento. Isto funciona como um jogo, onde os participantes possuem cartas e certamente estarão dispostos a pagar para ver.
    Neste caso, onde os demais participantes do agronegócio café paguem para ver, o governo terá de suportar a aquisição de mais 10,0 milhões e depois mais outros 10,0 milhões de sacas, até atingir o volume dos estoques mundiais.
    Isto é matemático e compõe uma das regras de mercado. E, neste caso, para corrigir a falha ou erro inicial terá de pagar mais caro a cada inserção de novas retiradas expressivas e imediatas de produto do mercado. Neste caso, surge a pergunta: estaria o governo disposto a pagar por este erro; teria os recursos para isto? O que seria prudente e correto, arriscar uma atitude tomada sem embasamento técnico ou fazer o que seria correto?

  5. Caso resolva aplicar esta intenção, falha e não recomendada tecnicamente, necessitaria possuir um estudo indicando como fazer para desovar este estoque.
    Esta atitude somente seria válida e eficiente se, observado o exposto acima, limitar a desova dos estoques a um plano eficiente, ordenador e regulador de mercado, o qual o governo não o possui;

  6. Sem um projeto estratégico e consistente torna-se de alto risco e elevado custo blefar ou tomar atitudes impróprias e indevidas, principalmente se alertado a isto.
    Considerando as observações acima, comprova-se com facilidade, que as propostas estratégicas apresentadas pela Associação Paranaense de Cafeicultores – APAC – possuem os elementos de sustentabilidade para a criação de uma política necessária à cafeicultura.

As demais tentativas, efêmeras e desestruturadas, por soluções governamentais, além da constante ausência das mesmas por parte da representação da classe produtora, potencializaram os problemas, gerando o caos absoluto entre a maioria dos produtores.

Aqueles que vivem de produzir ilusões aos cafeicultores, se irradiam a qualquer aceno governamental, considerando-o como a tábua da salvação, sem nenhum conhecimento ou discernimento técnico para atestá-lo, e depois, quando o efeito esperado não ocorrer, o que é comum, bastam dar uma explicação fajuta, e os pobres cafeicultores novamente aceitarão. A culpa sempre será do outro, pensam eles.

Mas agora, será diferente. Existirão cobranças e responsabilidades, e a culpa não será apenas do outro. Será daqueles que tomarem atitudes erradas, bem como daqueles que as aplaudirem.
Para este efeito, este texto se fará presente no sentido de alerta máximo por atitudes não procedentes e incorretas, se tomadas.

“O covarde nunca tenta, o fracassado nunca termina e o vencedor nunca desiste”. Norman Vincent Peale


Engº José Eduardo Reis Leão Teixeira
Varginha, agosto de 2009

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