Retomada dos estoques reguladores é o início de um novo ciclo na política cafeeira o Brasil

4 de setembro de 2009 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado

Governo anuncia 8 medidas para o café e confirma aquisição de 10 milhões de sacas


Presidente da Frente do Café deputado Carlos Melles agradece e diz que retomada dos estoques reguladores é o início de um novo ciclo na política cafeeira o Brasil


A mobilização dos cafeicultores – que estão vivendo sua pior crise nos últimos 100 anos, começa a surtir efeito positivo. O governo, por intermédio do Ministério da Agricultura, anunciou no final da tarde de quinta-feira (03) que oito medidas para a café serão apresentadas na reunião extraordinária do Conselho Monetário Nacional (CMN), prevista para acontecer na próxima semana.


A decisão era esperada para hoje, logo que foi confirmada a reunião no Ministério da Fazenda, com a presença dos ministros da Agricultura, Reinhold Stephanes e o interino da Fazenda, Nelson Machado, com técnicos das duas Pastas. Segundo o presidente da Frente Parlamentar do Café, deputado Carlos Melles, pouco antes da reunião o governador Aécio Neves, que está em Salvador, telefonou para os ministros e pediu urgência na decisão, em função do agravamento da crise no setor cafeeiro, que atinge 1.800 cidades no país, quase a metade só em Minas Gerais. Na avaliação de Melles, as medidas são boas e atendem a 70% do que o setor reivindica, mas frisa que o mais importante foi o gesto que o Brasil faz em retomar os estoques reguladores. “É um novo ciclo na política cafeeira do Brasil, o país irá voltar a ter os estoques reguladores e um processo positivo de transferência de renda”, explicou o deputado.


De acordo com matéria da Agência Estado, o ministro detalhou aos jornalista quatro das oito propostas que serão encaminhadas ao CMN. Juntas, elas somam pelo menos R$ 1,7 bilhão para o setor. A primeira medida é a aquisição de 7 milhões de sacas de café até o ano que vem. Outras 3 milhões de sacas já serão retiradas do mercado, considerando os contratos de opções que vencem em novembro.


De acordo com o ministro, o governo utilizará o preço mínimo de R$ 261,69 a saca de 60 kg (café arábica) como referência para pagar o produto. Stephanes explicou que parte da aquisição será direta, sem opção de recompra, e que outra parte será por meio de compensação de dívida em produto.


Os recursos utilizados para esta finalidade serão do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) e do Tesouro Nacional. O governo vai comprar café tipo 6, bebida dura. Além disso, o governo também vai adquirir café duro, tipo 7; café riado, tipo 7; e o rio, tipo 7, todos com deságio.


Stephanes também anunciou que o CMN examinará proposta de pagamento de dívidas que estão vencendo, por meio do preço mínimo, o que, segundo ele, será uma vantagem para o produtor. O valor total da dívida está estimado entre R$ 500 milhões e R$ 800 milhões, segundo o ministério. Os recursos para essa operação virão só do Funcafé. “Com essas medidas, o governo espera obter melhora de preço e retirada de café do mercado para ampliar seus estoques”, explicou.


A terceira medida explicada pelo ministro é a criação de uma linha de crédito de R$ 100 milhões, com recursos do Funcafé, voltada para cooperativas de crédito renegociarem dívidas. O valor liberado será de até R$ 200 mil por produtor, que terá prazo de 4 anos para efetuar pagamento, com juros de 6,75% ao ano.


A quarta e última medida é mais uma linha de R$ 100 milhões para renegociar prazo para pagamento das Cédulas de Produto Rural (CPRs). Também essa linha será de 4 anos para pagar, com juros de 6,75% ao ano. Este financiamento, segundo o ministro, é uma reativação de uma linha que já existia no ano passado e que, segundo o ministério, terá “bastante adesão” porque há “muitos cafeicultores que se enquadram nessa situação”.


Na avaliação do deputado Carlos Melles, apesar das medidas serem boas, é preciso a sua operacionalização conforme a proposta anunciada pela Agricultura, para atender boa parte das reivindicações que foram propostas pelos cafeicultores nas seguidas reuniões com o Governo e nas mobilizações do SOS Café.


“Este é o momento de agradecer ao presidente Lula e aos ministros Reinhold Sthepanes, Nelson Machado, José Múcio, e aos técnicos destas pastas que ajudaram a formatar esta proposta. È preciso ainda agradecer o empenho do governador Aécio Neves, cuja atuação foi fundamental para a sensibilização e encaminhamento de nossas reivindicações”, frisou o deputado, que da capital baiana passou o dia ao lado do governador acompanhando o processo em Brasília. “Quando agradecemos fazemos com a esperança renovada, a liderança do setor e os parlamentares da frente do café passaram os últimos meses em uma verdadeira vigília, a situação da porteira para dentro é realmente muito grave e as medidas anunciadas vão dar respiro para o produtor de café”, comentou

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