Unaí lidera investimentos com recursos do Pronaf em Minas

4 de setembro de 2009 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado

Unaí, região noroeste de Minas Gerais, foi o que mais liberou recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), entre janeiro de 2008 e julho de 2009. O município está no primeiro lugar do ranking de Minas e em sexto do país. Os produtores rurais de Unaí tiveram acesso a cerca de R$ 21,45 milhões em recursos do Pronaf, nas linhas de investimento e custeio, no período. Em Minas, o município de Pouso Alegre (região Sul) está em segundo lugar, com aplicação de cerca de R$ 20,87 milhões, e Patrocínio (no Alto Paranaíba) em terceiro, aplicando em média R$ 12,42 milhões.


O gerente regional da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) em Unaí, Manoel Faria Duque Filho, afirma que, somente em Unaí, cerca de metade dos projetos é destinada a assentamentos de reforma agrária, o restante é para a compra de tratores do Programa Mais Alimentos, compra de insumos para grãos, mandioca, máquinas e implementos agrícolas e agroindústrias, principalmente para produção de queijo e rapadura.


Duque diz ainda que o Pronaf é muito importante para a cidade porque o dinheiro aplicado circula pela região, ao invés de ser destinado para outras cidades. Ele explica que a produção dos agricultores é comercializada em lojas de insumos e armazéns do município e isso faz com que o retorno do trabalho desses produtores que conseguem o crédito rural influencia para a melhora da economia local. Ainda de acordo com Duque, a Emater exerce um papel fundamental no programa, pois é ela quem emite a Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP), utilizada para identificar os agricultores familiares.
O coordenador técnico regional de Culturas, Álvaro de Moura Goulart, ressalta que os recursos do Pronaf liberados em Unaí também financiam projetos nos municípios de Cabeceira Grande e Uruana de Minas. Ele acrescenta que cerca de 200 projetos foram realizados nas três cidades, no período de 2008 e 2009.
 
O que é o Pronaf

O Pronaf é um programa do Governo Federal que financia projetos individuais ou coletivos que têm a finalidade de gerar renda para os agricultores familiares e assentados da reforma agrária. Uma das vantagens do programa são as taxas de juros, que são as mais baixas dos financiamentos rurais. Para conseguir o crédito o produtor deve procurar o escritório da Emater do município onde mora para emitir a Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP), que identifica o produtor como um agricultor familiar. A emissão do DAP é gratuita.


Caso de sucesso
 
Para o produtor José Adão de Souza, da Comunidade Vereda, em Unaí, o Pronaf possibilitou a implantação de uma agroindústria e melhoria na produção de leite. José Adão utiliza o Pronaf há 15 anos e está no terceiro financiamento. Ele é o presidente da Asssociação Comunitária dos Pequenos Produtores da Vereda e Região (Aprover), que tem 33 associados. Na pequena agroindústria artesanal que mantém na propriedade, ele produz açúcar mascavo, rapadura e leite. A agroindústria e os equipamentos para a produção do leite foram comprados com o financiamento do Pronaf.
 
José Adão diz que antes de tentar o crédito pelo Pronaf trabalhava diretamente com o banco e tinha complicações para liberar o crédito. “Depois eu procurei a Emater para ter assistência técnica e isso me ajudou muito porque os técnicos orientam tanto para a gente produzir quanto para lidar com a parte burocrática do banco”, comenta. Além disso, ele destaca que o Pronaf foi uma grande conquista porque permite que o pequeno produtor tenha condições para investir, por causa dos juros baixos e da facilidade no pagamento. “Sem recurso não tem como a gente fazer nada”, conclui.


O produtor acrescenta que foi através da renda da agroindústria e do leite que ele conseguiu pagar as mensalidades da faculdade dos quatro filhos. Ele tira uma renda bruta mensal de aproximadamente R$ 15 mil. José Adão conta que este resultado só foi conquistado depois de muito trabalho. Quando ele fez o primeiro financiamento do programa, em 1994, tirava uma renda de dois salários mínimos e, com o tempo, foi lucrando mais. Ele cultiva 10 hectares com cana-de-açúcar, usada para a produção da rapadura e do açúcar mascavo. Além disso, produz em média 800 litros de leite por dia, vendidos para a Cooperativa Agropecuária de Unaí Ltda (Capul).


O produtor também destaca que depois da lei da merenda escolar ele passou a lucrar mais com a comercialização da rapadura. Ele afirma que vende o produto a R$4,50 o quilo para o Governo, sendo que no comércio a rapadura é vendida a R$ 2,80 o quilo. “A lei da merenda melhorou muito a vida do produtor porque nós precisamos produzir e também de ter condições de vender o produto no mercado e essa lei ampliou a comercialização porque o Governo cria a possibilidade de ampliar o comércio”, destaca.

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