CAFETERIA – Energético e bebida alcoólica: uma combinação nada saudável

11 de setembro de 2009 | Sem comentários Café & Saúde Mais Café
Por: 11/09/2009 17:09:08 - Folha de Irati

As bebidas energéticas misturadas a destilados já caíram na preferência dos jovens; porém, essa combinação pode trazer altos riscos à saúde.


Esta semana o jornal Folha de Irati entrevistou Ariel Roberto Komnitsk, médico-cardiologista, que esclareceu sobre a composição e o mal que essa mistura pode fazer no organismo das pessoas que a ingerem.


Segundo o especialista, a principal ação dos energéticos é causada pela cafeína, que é encontrada em altas doses nestes produtos.


Sendo que a cafeína atua no córtex cerebral, agindo sobre um neurotransmissor do sono, bloqueando-o e reduzindo a sonolência.


“O guaraná é uma planta rica em cafeína e utilizada para se conseguir um ganho extra de energia. Também existem evidências de que a taurina pode suprimir o efeito depressor do álcool, deixando o indivíduo muito mais excitado. No entanto, os estudos nessa área são controversos: alguns demonstram que ela é capaz de aumentar a frequência cardíaca e estressar mais o miocárdio; e outras que ela teria um efeito antioxidante muscular”, esclarece o médico.


Já a substância glucoronolactona auxilia nos processos de eliminação de toxinas endógenas e exógenas, agindo assim como um desintoxicante, diminuindo a fadiga, de acordo com os fabricantes.


As vitaminas do complexo B são usadas como cofatores auxiliares que permitem que a energia seja fornecida a partir dos nutrientes energéticos. As fórmulas também possuem carboidratos, açúcares de fácil absorção, que fornecem energia e melhoram o sabor das bebidas. Porém, a quantidade de açúcar nestas bebidas é elevada, o que ocasiona redução na absorção de água pelo organismo, impedindo assim a hidratação do corpo.


Para o cardiologista Ariel, o uso dessas bebidas energéticas é vinculado a náuseas, sudorese, aumento da frequência cardíaca, arritmias cardíacas, insônia e passagens por pronto-socorros.


“Posteriormente, quando o efeito da bebida passa, ocorre sonolência. Logicamente, isto depende da sensibilidade de cada pessoa e da quantidade ingerida. O alto consumo de bebidas energéticas está associado a um perfil de risco, que envolve diversas formas arriscadas e agressivas de comportamento. Entre elas, sexo sem proteção, abuso de substâncias e violência. Não que as bebidas causem um mau comportamento, mas sugere que o intenso e regular consumo faça com que seus usuários tenham maior probabilidade de assumir riscos com relação à sua saúde e segurança”, enfatiza o médico.


Em relação à popularização da mistura de bebidas energéticas e alcoólicas, ele avalia como preocupante. A adição de cafeína pode fazer com que os usuários de bebidas alcoólicas se sintam menos bêbados, mas sua coordenação motora e tempo de reação ficam tão prejudicados como quando consomem somente a bebida alcoólica. 


“Esses indivíduos que fazem o uso conjunto de energéticos e álcool ficam duas vezes mais embriagados do que aqueles que consomem apenas álcool; e mais: correm duas vezes mais risco de sofrer ferimentos, exigindo tratamento médico”, afirma.


Ele ainda lembra que tanto os energéticos quanto as bebidas alcoólicas podem precipitar e/ou predispor a arritmias cardíacas. Levando em consideração que a faixa etária que mais os consome está entre os 12 e 24 anos, e que nesta idade não se tem o hábito de frequentar o cardiologista, “poderemos ter cardiopatas não diagnosticados, ingerindo substâncias tecnicamente com potencial de induzir arritmias. Assim, dependendo da doença e de sua gravidade (p.ex., doença arritmogênica), teoricamente certos indivíduos estarão muito mais suscetíveis às arritmias; com isso, tendo a possibilidade de morte súbita”, esclarece.


Quando às substâncias que compõem essas bebidas, podemos citar diversos ingredientes, em diferentes combinações: estimulantes vegetais como o guaraná; ervas como gingko-biloba e várias formas de ginseng; aminoácidos e vitaminas.


Mas, o principal ingrediente ativo é a cafeína. Seu teor varia de uma bebida para outra. Uma porção de 350 ml do energético Amp contém 107 miligramas de cafeína; já em outra marca, Red Bull, 116. Só para se ter uma ideia, uma dose semelhante de refrigerante apresenta apenas entre 34 a 38.


As bebidas energéticas muitas vezes contêm menos cafeína que uma xícara de café, que pode variar de 75 miligramas, em um cappuccino de 350 mililitros, a até 250 miligramas, em um café do mesmo volume.


Porém, a preocupação quanto às bebidas energéticas é que, por serem servidas frias, podem ser consumidas mais rapidamente e em porções maiores do que o café quente.


Em quantidades moderadas (o equivalente a 400-500 mg/dia – até quatro xícaras), a cafeína não é prejudicial à saúde. A administração aguda de cafeína é que pode causar um aumento da pressão arterial, dos níveis de catecolaminas, da atividade da renina plasmática, da diurese, dos níveis de ácidos graxos livres e da secreção gástrica, altera o espectro do eletroencefalograma, o humor e o padrão do sono.

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