Ferramenta desvirtuada

19 de setembro de 2009 | Sem comentários Mais Café Opinião
Por: Jornal do Commercio

ARTIGOS
19/09/2009 
  
 
Juracy Andrade
juracy@jc.com.br

A internet oferece a quem trabalha no ramo jornalístico (e evidentemente em outros) uma preciosa ferramenta de trabalho. Como nada é perfeito, traz no bojo a exposição a spams, a contaminação por vírus, anulando trabalhos e erodindo a paciência de quem é agredido por gente doente, a possibilidade de receber informações falsas. Isso já aconteceu comigo e parece que se repetiu em informação que divulguei há duas semanas. Com minhas desculpas, vai aqui a retificação.


Sem entrar nos méritos e deméritos da transnacional Monsanto, não contribui para o esclarecimento e a conscientização dos leitores, ao contrário, falar de coisas que não aconteceram. Como dizia há duas semanas, recebi de fonte em que confio uma suposta informação divulgada pela Rede Ecológica Humaitá, segundo a qual, citando o MST, “uma cartilha produzida pelo Ministério da Agricultura sobre agroecologia teve sua distribuição impedida”. A partir daí, teci considerações sobre o que é a Monsanto e falei em censura.


Publicado o meu artigo, recebi do sr. Antonio Sérgio Souza, da revista Cafeicultura, esta mensagem: “ chequei a notícia junto ao Ministério da Agricultura e a história que a Monsanto entrou na Justiça não procede. Veja a resposta que recebi do Ministério da Agricultura no e-mail abaixo”. Kelly Beltrão assina a mensagem do ministério: “A Monsanto não encaminhou nenhum pedido para o ministério cancelar a distribuição das cartilhas. Ao todo foram 620 mil tiragens e pelo menos a metade já foi distribuída”.


Carla Santos, da Comunicação Corporativa da Monsanto, me telefonou e depois mandou esta mensagem: “A Monsanto esclarece que não procedem os boatos de que a empresa teria entrado com uma ação judicial contra uma campanha educativa coordenada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) sobre os benefícios de alimentos livres de agrotóxicos. A empresa desconhece a origem dessa informação e reafirma o respeito pela liberdade de opinião, expressão e escolha do mercado, instituições e empresas pela utilização de culturas convencionais, geneticamente modificadas ou orgânicas”. Ela diz que Ziraldo também recebeu aquela informação e desmentiu.


Registrada a contestação (que não significa aprovação às ações daquela transnacional), gostaria que a Rede Ecológica Humaitá e o MST esclarecessem o que existe de fato.


O enriquecimento do jornalismo com a multimídia é positivo, mas todo cuidado é pouco. Ocorre que, enquanto o jornalista tem o dever de checar e testar suas fontes de informação, embora alguns não o façam, por princípio próprio ou negligência eventual, alguns blogueiros, os espalhadores de notícias ou boatos, simples palpiteiros ou amantes da confusão não se sentem obrigados ao rigor jornalístico.


Outra coisa que queria dizer é que merece registro e elogio a lamentação de Fátima Quintas (dia 9 de setembro) sobre a degradação do Recife. Não vou responsabilizar nenhum governo municipal especificamente pela situação. Mas a cidade devia e merecia ser mais bem cuidada. Embora menor que São Paulo, os deslizamentos, desmoronamentos, inundações, alagamentos, congestionamentos de trânsito e desastres variados se tornaram rotina. Não se pode mais andar pelas ruas sem medo, não só de assaltantes, mas de cair em buracos e tropeçar em todo tipo de obstáculos. O Recife cantado por Manuel Bandeira e Antônio Maria não é mais alcançável.


PS – A Interpoética atualizada (editores@interpoetica.com) traz artigos de Lourival de Holanda sobre No tempo frágil das horas, de Luzilá Gonçalves, além de outras contribuições. *** Até logo aos prezados leitores e leitoras. Tiro umas férias e só volto a conversar com vocês no dia 17 de outubro.


» Juracy Andrade é jornalista 

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