Em cinco anos, o setor de fertilizantes deverá receber investimentos de US$ 6,5 bilhões

Por: Agência Meios/Anba

Terreno fértil

Nos próximos cinco anos, o setor de fertilizantes deverá receber investimentos de US$ 6,5 bilhões, que serão destinados à construção de fábricas


Quando estiverem em funcionamento, as empresas irão aumentar significativamente a produção brasileira desses insumos agrícolas, reduzindo a dependência do país do mercado internacional. Entre 2010 e 2015, os investimentos em fertilizantes deverão chegar a US$ 3,42 bilhões. Desse total, 54% serão financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o restante US$ 1,56 bilhões virão de recursos próprios das empresas. Além disso, para este ano, encontra-se em análise no BNDES pedidos de financiamentos de US$ 485 milhões referentes a investimentos totais de US$ 740 milhões. A maioria para a construção de novas fábricas.


Petrobrás – Em abril desse ano, o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, disse que a estatal iria investir US$ 2 bilhões na construção de uma fábrica de fertilizantes nitrogenados (uréia e amônia), com capacidade para produzir um milhão de toneladas por ano, o que praticamente irá dobrar a atual produção nacional. Na quarta-feira (23/09) a gerência de Imprensa da estatal informou à ANBA que o projeto está dentro do plano de negócios da companhia e em fase de estudo conceitual. A construção deverá acontecer entre 2010 e 2011. A localização, no entanto, ainda não foi definida.


Ácido nítrico – A Petrobras também vai investir na produção de ácido nítrico na Bahia. Estão previstas 120 mil toneladas/ano do produto, que será destinado ao Polo Petroquímico de Camaçari. Os investimentos são da ordem de US$ 260 milhões. De acordo com a gerência de Imprensa da Petrobras, o plano de negócios, para o segmento de fertilizantes, é aumentar a produção para atender ao mercado brasileiro nos próximos cinco anos.


Exploração mineral – Na opinião do ministro interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), Daniel Vargas, a busca da autossuficiência na produção de fertilizantes é essencial para o crescimento da produção agrícola do país, que tem condições de se tornar o maior produtor e exportador mundial de alimentos nos próximos anos. “Entendo que, na questão dos fertilizantes, existe um desafio central que é o de elaborar uma política de exploração mineral para a produção de fertilizantes”, afirmou o ministro em entrevista exclusiva à ANBA .


Coonagro – O diretor-executivo do Consórcio Nacional Cooperativo Agropecuário (Coonagro), Daniel Dias, concorda com o ministro. Em seu entender, investimentos na construção de novas unidades industriais para a produção de fertilizantes, apesar de bem-vindos, sozinhos não tornarão o país autossuficiente na produção desse insumo agrícola: “Não queremos apenas ensacadores de adubos importados. Precisamos de grupos com expertise na extração de minerais e dispostos a investir seus recursos nessa área”, argumenta o diretor-executivo do Coonagro.


Carência – Segundo Dias, as áreas de pesquisa e produção de fosfatado e cloreto de potássio carecem de novos empreendedores, que produzam arejamento desse setor e ainda promovam uma competição interna real, barateando os preços dos fertilizantes para agricultura. A intenção é diminuir a força do oligopólio de fertilizantes que domina o mercado nacional.


Custo e oligopólio – Hoje o Brasil importa 70% do fertilizante que consome e gasta algo em torno de US$ 7 bilhões com a importação desses insumos agrícolas. Além disso, mais de 75% do mercado nacional é controlado por três empresas. Um oligopólio que, no entender do superintendente da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Nelson Costa, impõe seus preços ao mercado e prejudica os agricultores brasileiros.


Custo de produção – De fato, segundo Ali Saab, coordenador de gestão estratégica do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), os fertilizantes representam 36% no custo de produção do agricultor brasileiro. Para Saab, incentivar os investimentos no setor é uma das estratégias do governo para reduzir a dependência e até em um espaço de 15 a 20 anos chegar à autossuficiência.


Investidores e parceiros – De acordo com Daniel Dias, é com esse objetivo que o MAPA, em parceria com cooperativas agrícolas e o Coonagro, tem apoiado iniciativas que conduzam a uma maior competição interna e que promovam, basicamente, a independência brasileira na produção mineral de fertilizantes. Segundo pesquisas, o Brasil tem recursos minerais suficientes para ter uma produção local em cinco anos nos fosfatados e em dez anos no potássio.


Consumo – O Brasil consome, anualmente, algo em torno de 23 milhões de toneladas de fertilizantes. Este mercado movimenta cerca de US$ 15 bilhões. As projeções do Ministério da Agricultura mostram que em 2018 o país estará consumindo 34 milhões de toneladas. “Portanto cabe a nós informar a comunidade internacional do nosso potencial mineral aliado ao nosso potencial de consumo, e procurar investidores que tenham conhecimento em extração e produção das matérias primas fertilizantes, que o nosso mercado tanto precisa”, explica o diretor do Coonagro.


Estratégia – Dias disse ainda que essa estratégia já começa a produzir resultados concretos. É que, segundo ele, várias empresas multinacionais com capacidade tecnológica na área de fertilizantes estão despertando para o imenso potencial do mercado brasileiro de fertilizantes e dispostas a investir no setor, inclusive na exploração mineral para a produção desses insumos.


Falcon – Um exemplo disso é a Falcon Metais Ltda, uma empresa brasileira constituída em parceria com investidores nacionais e estrangeiros. A companhia pretende se tornar uma dos maiores produtoras de potássio do Brasil, caso suas explorações geológicas e geofísicas na bacia do Amazonas apresentem os resultados esperados.

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