Para derrubar os mitos sobre o café

11 de outubro de 2009 | Sem comentários Café & Saúde Mais Café
Por: Diário de Pernambuco


Saúde // Pesquisadores da USP estudam benefícios da bebida e já comprovaram que o consumo moderado pode ajudar a prevenir doenças

Márcia Neri //
marcianeri.df@diariosassociados.com.br



Brasília – Expresso, tradicional, suave, forte, capuccino, descafeinado, ao creme, ao leite: não importa a variação ou a combinação, o café é uma paixão nacional. No país, nove em cada 10 brasileiros acima de 15 anos consomem a bebida diariamente.




Consumidora de seis cafezinhos diários, Renata se animou com a pesquisa. Foto: Elio Rizzo/Esp. CB/D.A Press
Apesar de tão tradicional e quase unânime, o hábito já foi, entretanto, considerado vilão para a saúde. Coisa do passado, quando os pesquisadores analisavam apenas os efeitos isolados da cafeína, testando pacientes com cápsulas dessa substância. Os estudiosos de hoje afirmam que a ciência, nessa época, ignorava componentes presentes no grão que fazem do produto um alimento saudável e muito funcional. As novas pesquisas sugerem que, se consumido moderadamente, o café é um grande aliado, previne algumas doenças e pode até retardar o envelhecimento de células, já que tem propriedades antioxidantes.

Para estudar os efeitos do café no organismo, o Instituto do Coração da Universidade de São Paulo (Incor-USP) saiu na frente e criou núcleo de pesquisa inédito no país. Os médicos da unidade Café e Coração estudam a ação e os efeitos da bebida no corpo de pessoas saudáveis, diabéticas e com problemas no coração. Até agora, 60 voluntários, entre 18 e 80 anos e perfis variados, participaram de testes para a avaliação médica. A pesquisa ainda tem cinco anos pela frente. Ao todo, 300 pessoas serão testadas. “Na primeira fase da pesquisa, os voluntários passam por limpeza no organismo. Eles ficam 21 dias sem ingerir qualquer produto que contenha cafeína. Depois, passam 28 dias bebendo café de torra escura e 28 dias de torra clara”, explica Bruno Nahler Mioto, um dos cardiologistas que integram o grupo de pesquisadores do Incor.

Confirmações – O médico observa que ainda é cedo para conclusões definitivas, mas adianta que o café não elevou o colesterol nem provocou piora em pacientes cardíacos ou diabéticos. “Monitoramos a pressão arterial, as taxas de glicose, colesterol, variáveis de inflamação, arritmia cardíaca e o comportamento dos vasos sanguíneos. Os pacientes também são submetidos a exames de sangue no período de acompanhamento. Testamos a reação a diferentes torras e variações porque a bebida tem de 1% a 2,5% de cafeína e de 6% a 9% de antioxidantes, que são degradados se o grão é muito torrado. O café coado também tem menos colesterol”, lembra.

De concreto, segundo o cardiologista, é certo que o café não faz mal quando consumido em doses moderadas. A cafeína, isolada, talvez não seja boa, mas a bebida está longe de ter apenas cafeína. No grão, há centenas de substâncias benéficas. “Tanto que não houve mudanças nos níveis de colesterol dos pacientes e a pressão sanguínea se revelou até mais baixa no período em que eles ingeriram a bebida. Uma evidência, citada em outros estudos e confirmada em nosso trabalho, chamou-nos atenção: o café previne e protege contra o diabetes tipo 2. Até os indivíduos que já desenvolveram a doença e tomam café controlam mais as taxas e morrem menos de problemas desencadeados pelo mal”, garante Mioto.

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