Estiagem maltrata lavouras em Minas, Espírito Santo e Bahia

23 de janeiro de 2010 | Sem comentários Mercado Previsão do Tempo
Por: Agência Estado



22/01/2010


Tomas Okuda
 
A estiagem já alcança 90 dias em algumas áreas na divisa entre Minas Gerais, norte do Espírito Santo e sul da Bahia. Lavouras exigentes em água, como café, mamão, maracujá e cacau já começam a sofrer danos, assim como as pastagens. A meteorologia, porém, não prevê chuvas regulares na região, pelo menos nos próximos 15 dias.
 
O meteorologista Celso Oliveira, da Somar, explica que a seca é resultado da atuação do El Niño este ano, que favorece a atuação de uma “espécie” de massa de ar seco naquela região. Esse sistema é conhecido como Vórtice do Nordeste, que age em elevada altitude (cerca de 10 mil metros), e cujos ventos giram no sentido horário e convergem no centro do sistema, numa espécie de espiral. O ar é obrigado a descer até a superfície, impedindo a formação de nuvens, que se organizam de baixo para cima na atmosfera. “O vórtice é uma força contrária à formação da nuvem”, diz Oliveira.
 
Para complicar, esse sistema impede a aproximação de frentes frias. “Chove muito só até São Paulo e Rio de Janeiro”, observa. Oliveira diz que o vórtice forma-se quase todo ano, mas normalmente em alto mar, ou mais ao norte do País, em Estados como Sergipe e Pernambuco. Este ano, com o El Niño, as chuvas migraram para o sul, empurrando o vórtice para baixo.
 
Conforme avaliação do meteorologista, o sistema só deverá enfraquecer, “quando parar de chover, ou seja, no fim do verão”. Até lá, a previsão é de baixo volume de chuvas, com média de apenas 1 mm ao dia. Além da falta de chuvas, as temperaturas estão elevadas na região, alcançando ontem máxima de cerca de 37 graus.
 
O presidente da Cooperativa dos Cafeicultores de São Gabriel (Cooabriel), Antônio Joaquim de Souza Neto, no norte do Espírito Santo, informa que a falta de chuvas torna a “situação crítica para os cafeicultores”. “As folhas do pé de café estão murchando e a irrigação não resolve”, diz. A Cooabriel tem cerca de 2 mil cooperados e recebeu na safra passada perto de 430 mil sacas de 60 kg de café.
 
Segundo Souza Neto, ainda é cedo para fazer previsões sobre perdas nos cafezais, pois os grãos ainda estão em formação. Para complicar, o dirigente informa que há relatos de lavouras danificadas pela cochonilha da roseta, praga que ataca principalmente as rosetas (local onde brotam os grãos) do café. O início do ataque ocorre ainda no período de florescimento da lavoura e agrava-se com o desenvolvimento dos frutos. A praga quando se instala no cafeeiro provoca a queda dos grãos e, dependendo da infestação, as perdas na produção podem ser de até 70%.

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