O Rei do Café desaparece da praça de Ribeirão Preto

Por: Jornal A Cidade












foto: MATHEUS URENHA
Mais um marco da história de Ribeirão Preto desaparece. Instalada há quase 80 anos na praça Francisco Schmidt, na avenida Jerônimo Gonçalves, a herma em homenagem ao patrono sumiu. A Secretaria Municipal de Infra-estrutura confirmou ontem o desaparecimento. A peça, inaugurada em 7 de setembro de 1927, pode ter sido alvo de vândalos ou, o mais provável, de ladrões interessados em vendê-la como sucata.
Não há informações sobre o material de que era feita a herma. Aparentemente, era de ferro. A se confirmar, um marco histórico do passado de Ribeirão – entre as décadas de 10 e 20 Schmidt foi o maior produtor de café do mundo – pode ter rendido aos autores do crime uns poucos reais.
Há uma diferença entre herma e busto. Este inclui os braços da pessoa esculpida – a herma, não. Assim, a herma é um busto sem braços. O furto da peça, constatado por guardas civis, que registraram boletim de ocorrência, não deve ter sido fácil – ela estava sobre um pedestal de aproximadamente três metros de altura. O secretário da Infra-estrutura, Nilson Baroni, disse ontem que não foi acionado para providenciar uma nova herma para o “rei do Café”.

Quem foi Francisco Schmidt
Migrante alemão, Francisco Schmidt desembarcou com os pais no Brasil em 1858, aos oito anos. A família radicou-se primeiro em São Carlos, Schmidt ganhou dinheiro com um armazém, vendeu-o para comprar sua primeira fazenda, em Santa Rita do Passa Quatro, em 1888, e dois anos depois adquiriu a fazenda Monte Alegre, em Ribeirão Preto, que se tornaria o centro administrativo de seus negócios.
Na primeira década do século passado, comandava um império com 69 fazendas espalhadas por dezessete municípios, onde eram cultivados, por 14 mil empregados, 11 milhões de pés de café. Nos anos 20, em suas fazendas, reunidas na Companhia Agrícola Francisco Schmidt, circulava até uma moeda própria, aceita também no comércio de Ribeirão Preto.
Durante a 1ª Grande Guerra, quando o Brasil rompe com a Alemanha, Schmidt, alemão de nascimento e então presidente da Câmara Municipal, é obrigado a renunciar ao cargo. Desiludido com a política local, após seguidas derrotas para o grande adversário coronel Joaquim da Cunha Diniz Junqueira, Schmidt muda-se para São Paulo, onde morre em 1924. Desapropriada pelo governo, a fazenda Monte Alegre vai dar lugar, décadas mais tarde, ao campus da Universidade de São Paulo.

Homenagem
Em 7 de setembro de 1927, Ribeirão Preto rende-lhe homenagem, com a inauguração de uma herma na praça que anos depois seria batizada com o seu nome – então era conhecida simplesmente como “largo da Estação”, em função da presença da estação ferroviária da Companhia Mogiana, exatamente no trecho onde hoje se encontram as ruas General Osório e Martinico Prado. Como não há pistas de onde foi parar a estátua de Schmidt, são remotas as probabilidades de que ela reapareça. (Nicola Tornatore)

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